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Líderes do Movimento Sindical Rural participam de diálogo da ONU Mulheres sobre os desafios das mulheres rurais 30 anos após a Declaração de Pequim

No marco do 30º aniversário da adoção da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, a ONU Mulheres para as Américas e o Caribe, em parceria com a Rede de Mulheres Rurais da América Latina e do Caribe (RED LAC), a Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar (REAF) do MERCOSUL, o Escritório Regional da FAO e a Rede de Mulheres Afrolatinas, Afrodescendentes e da Diáspora (RMAAD), realizaram um diálogo para avaliar a situação das mulheres rurais após 30 anos de Pequim com representantes de 16 países da região.


A reunião, realizada virtualmente no dia 30 de janeiro, contou com a participação das lideranças sindicais rurais brasileiras e agricultoras familiares, Cícera Nunes, Mazé Morais e Marlene da Costa Veloso, que atualmente integram a Rede Lac.


O objetivo do encontro foi refletir sobre a visão das mulheres rurais e suas contribuições para avançar na implementação da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, fortalecendo assim a agenda de igualdade de gênero e direitos na América Latina e no Caribe.


A ONU Mulheres destacou a importância da soberania alimentar, das políticas públicas voltadas para o campo, da valorização do conhecimento e da formação das mulheres, além da necessidade de criar espaços de voz e participação para aquelas que historicamente foram silenciadas.


Também foi abordado o problema persistente da violência contra as mulheres na região. Dados apresentados revelam que uma em cada dez mulheres sofreu violência física, sexual ou ambas, por parte de seu parceiro atual ou anterior nos últimos doze meses. Uma em cada quatro mulheres já vivenciou esse tipo de violência ao longo da vida, e, em média, seis em cada dez mulheres afrodescendentes relatam ter passado por essa violência.


Com relação à distribuição de gênero em posições de liderança nos ministérios e nas instituições que tratam da agenda climática, as mulheres estão extremamente sub-representadas. A América Latina ocupa o primeiro lugar no mundo em assassinatos de pessoas defensoras da natureza e do meio ambiente.


Essa questão, que parece não ter sido suficientemente abordada na Plataforma de Pequim, agora exige atenção. Oitenta e oito por cento das pessoas defensoras da terra e do meio ambiente assassinadas no mundo eram da América Latina e do Caribe. Das 20 mulheres assassinadas globalmente, 17 viviam na América Latina.


A secretária executiva da Rede de Mulheres Rurais da América Latina e do Caribe (Rede LAC), Luz Haro, afirmou: “Queremos ver nossas crianças e adolescentes no campo. Conseguimos a Declaração da Década das Mulheres e Crianças Rurais pela OEA e um canal com a ONU Mulheres, mas não podemos descuidar da nossa base, do macro ao micro. Precisamos nos apropriar dos meios de comunicação tradicionais, como a rádio; temos que passar de consumidoras a produtoras de notícias.”

Trechos das falas das representantes da Rede LAC/Brasil

Marlene da Costa Veloso (Fetagpi):
“Nós, mulheres rurais e agricultoras familiares, podemos destacar nossa atuação a partir da organização das mulheres no Brasil dentro do movimento sindical. Isso começou nos meados dos anos 80, quando as mulheres no Brasil conquistaram o direito de sindicalizar-se. Consequentemente, mais mulheres começaram a ocupar esses espaços, onde se organizam. Daí surgiram grandes movimentos de mulheres no Brasil, como a Marcha das Margaridas.”

Mazé Morais (secretária de mulheres da Contag):
“Percebemos também o avanço da participação das mulheres nos espaços de poder dentro do Movimento Sindical Rural. Temos a companheira Cícera, que é a primeira mulher feminista a ser presidenta, depois de 60 anos, de uma federação extremamente importante, que representa um milhão de agricultores e agricultoras familiares. As mulheres estão ocupando cada vez mais espaços, seja na presidência, seja em outros cargos estratégicos, não apenas nas Secretarias de Mulheres. No Brasil, enfrentamos uma bancada de deputados e senadores que dificultam a ampliação do orçamento para a agricultura familiar, para as mulheres e para questões de proteção ambiental. Apesar de termos um poder executivo aliado, o parlamento de extrema direita é um grande obstáculo para nós, mulheres.”

Cícera Nunes, presidenta da Fetape:
“Para seguirmos avançando, é preciso ampliar programas e políticas públicas. A Declaração da Década das Mulheres Rurais, que foi uma conquista da RED LAC, é uma forma de chamar a atenção e articular mais recursos. Acredito que só conseguiremos superar esses desafios quando tivermos mais mulheres em espaços de decisão, seja na política ou em qualquer outro espaço. Atualmente, estamos lutando para que também chegue à presidência da Contag uma mulher.”

Matéria: Shaynna Pidori

Edição do reel: Júlia Nazário

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