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Pelo direito de ser e existir, o grito das LGBTQIAPN+ do MSTTR
Na última quinta-feira (31), o MSTTR deu mais um passo histórico na construção do Bem Viver dos povos do campo, das águas e das florestas com a realização do 1º Seminário Nacional LGBTQIAPN+ do Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR): pelo direito de ser e existir. O evento, que teve como objetivo a criação do Coletivo Nacional LGBTQIAPN+ do MSTTR, foi transmitido pela plataforma Zoom, e contou com a presença de dirigentes, funcionários e funcionárias da Confederação, das Federações e de Sindicatos de todo o país, além de organizações parceiras como a União Internacional de Trabalhadores da Alimentação e Agricultura (UITA). O número de participantes simultâneos chegou a 200.
Pernambuco marcou presença no seminário com 40 pessoas, entre dirigentes, conjunto dos funcionários e funcionárias da Fetape, dos sindicatos e agricultores e agricultoras familiares vinculados/as aos sindicatos em diversas regiões do estado.
A ação da Contag foi coordenada pelas Secretarias de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, de Mulheres Trabalhadoras Rurais e de Políticas Sociais da Contag.
Mônica Buffon, Secretaria Nacional de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da Contag, afirmou que é um marco na história do movimento sindical, após 61 anos vai se constituir o Coletivo Nacional LGBTQIAPN+ do MSTTR, essa estruturação tem muito a contribuir com o reconhecimento dessas sujeitas e a inclusão das suas pautas específicas em ações importantes do movimento.
A Secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Contag, Mazé Morais, destacou a importância desse seminário que já deixa sua marca por retratar a diversidade do povo do campo e reconhece que esses sujeitos que demandam serem vistos e reconhecidos são os corpos que compõem nossas instituições, que constroem a Marcha das Margaridas, que sempre existiram na luta e hoje demandam um espaço próprio de debate para entender a sua participação e afirmar o seu lugar na agricultura familiar. “Precisamos nos somar para que juntas e juntos a gente possa fazer fluir melhor a nossa luta principalmente num cenário político incerto e desafiador” afirmou Mazé.
Para a Secretaria de Políticas Sociais da Contag, Edjane Rodrigues disse que para ter um sindicalismo forte, é necessário reconhecer que é preciso avançar na representatividade. “Não há como discutir a representatividade sem considerar as diversidades”.
Durante o seminário, Erivan Hilário, mais conhecido como a drag Queen Ruth Venceremos, educador, mestre em educação e 1º suplente de deputado federal, promoveu um debate de temas estruturantes a respeito da comunidade LGBTQIAPN+. Trazendo suas vivências na política e militância, declarou suas raízes camponesas e destacou que os debates e enfrentamentos devem ser feitos por dentro das estruturas, ensinando os sindicatos a como acolher os sujeitos LGBTQIAPN+.
Para o movimento, Erivan ainda apontou alguns desafios como a necessidade de ampliar o debate interno na organização para entender que a luta pela liberdade sexual é parte da luta por um novo projeto de campo e de país, além de pensar estratégias de sensibilização para o debate e conquistar aliados internos. “Eu acredito no enfrentamento aos preconceitos pela educação, pela convivência, porque daí é que vão aparecendo as barreiras existentes dentro de nós, os preconceitos que atravessam e é com a paciência histórica que a gente vai sensibilizando e aprofundando os debates ” disse Erivan.
Em outro momento, a reunião foi dividida em regiões, para que as pessoas presentes pudessem, juntas, debater ações e nomear representantes para compor o Coletivo Nacional LGBTQIAPN+.
O nordeste indicou as seguintes representações:
Rona Rouver (PE)
Aparecida (CE)
Ygor Vieira (BA)
Benedito (MA)
A companheira Rona Rouver é agricultora familiar e sindicalizada no STR de Inajá (Polo Sindical do Submédio do São Francisco), que se soma às demais representações para atuar neste espaço de reflexão, formulação, debate e construção coletiva.
“Estar inserida neste espaço é de um orgulho imenso e de uma grande representatividade por que as LGBTQIAPN+ agrega uma população que necessita de uma atenção do país inteiro e, o MSTTR está fazendo esse movimento. Hoje tenho esperança de que possamos cada vez mais avançar no direito de ser e existir” disse Rona Rouver - indicação de Pernambuco feita pela Fetape.
Confira as propostas do Nordeste:
- Mapear parcerias estratégicas (universidades, governos, legisladores, conselhos…) para fortalecer o COLETIVO LGBTQIAPN+ da CONTAG;
- ?Inserir nas ferramentas/calendário de comunicação(no sistema confederativa), as temáticas LGBTQIAPN+: as temáticas da sexualidade, orientação sexual, identidade de gênero, combate às violências (patriarcado, Racismo, LGBTQIAPN+fobia);
- Mapear sujeitas LGBTQIAPN+ nos estados para estruturação dos coletivos estaduais e composição de um por federação no coletivo LGBTQIAPN+ da CONTAG;
- ?Constituir uma campanha (cartazes, vídeos, folhetos, cartilhas…) para contribuir com o estudo, a visibilidade e internalização da temática no MSTTR, e no combate às violências, servindo como subsídios para o processo de multiplicação nas comissões e coletivos estaduais, de polo/regionais e municipais e nos grupos de GES.
- Realizar seminários/oficinas/jornadas estaduais, regionais e nacional para contribuir com o estudo e formulação sobre sexualidade e as participação e contribuição das LGBTQIAPN+ no MSTTR;
- A criação e aprovação de uma Política Nacional de Proteção e de Mecanismos de Salvaguarda, que possam institucionalizar o enfrentamento ao assédio, a importunação sexual e a LGBTQIAPN+fobia;
- A criação de canais de denúncia seguros e eficazes, a exemplo da comissão de ética, que preserve a identidade das pessoas denunciantes;
“Nada de nós sem nós” - O Coletivo Nacional LGBTQIAPN+ do MSTTR, fruto de provocações dessas sujeitas em diversos espaços do sistema confederativo, é concebido no Grupo de Trabalho Diversidades ampliado da Contag e se constitui em um momento estratégico do movimento, como oportunidade para incidir nas Plenárias Estaduais em preparação ao 14º Congresso Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (CNTTR) que estão em curso nos próximos meses em todo o Brasil e no próprio congresso onde será eleita a nova diretoria da Confederação.
Em Pernambuco, a Fetape, alinhada aos seus valores de respeito à vida, reconhecimento da pluralidade e emancipação humana e política dos sujeitos sociais do campo constituiu um Grupo de Trabalho Diversidade dos Sujeitos Políticos Sociais que é um importante espaço para aprofundar o debate no estado e de acompanhamento e multiplicação das ações nacionais.
Matéria: Natália Vaz, Júlia Nazário e Luíz Filho