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MOVIMENTOS SOCIAIS SE REÚNEM COM INCRA E MDA SOBRE OS CONFLITOS DE TERRA NA ZONA DA MATA PERNAMBUCANA
Nesta segunda-feira (04), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) convidaram movimentos sociais populares que estão acompanhando os conflitos agrários na Zona da Mata de Pernambuco, a exemplo da Fetape, para discutir estratégias de combate às violências sofridas pela população que vive há décadas nessas áreas e garantia de suas terras. A reunião aconteceu na sede do Incra em Pernambuco, no Recife, pela manhã.
Compuseram a mesa a presidenta da Fetape, Cícera Nunes, o coordenador do MDA, Alexandre Conceição, o coordenador estadual do MDA, Caetano de Carli, a diretora Nacional de Desenvolvimento do Incra, Rose Rodrigues, o superintendente do Incra em Pernambuco, Givaldo Cavalcante, e representações de movimentos sociais como Marluce Melo, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Ivanildo Costa de França (Dinho), do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), e Renato Carvalho da Via Trabalho.
As áreas de conflitos na Zona da Mata são terras onde antigas usinas de cana-de-açúcar, que há séculos exploraram homens e mulheres, vieram à falência. Após isso, essas usinas abandonaram esses trabalhadores e trabalhadoras sem direito algum, e seus descendentes vivem até hoje nesses territórios, muitos são agricultores e agricultoras familiares. Há alguns anos, essas terras foram arrendadas e leiloadas para latifundiários que pretendem usá-las para o criação de gado, mesmo existindo pessoas que moram e produzem lá. Desde então, essas famílias sofrem com ameaças e outras violências, envenenamento de terras e do ar e até mortes.
"A cada minuto que passa, o latifúndio avança em nossas áreas. Não temos tempo a perder como dizia Marighella", disse o coordenador do MDA, Alexandre Conceição, iniciando a reunião que foi transparente e objetiva e que faz parte de uma série de agendas para tratar do tema. A conversa teve a intenção de alinhar Estado e sociedade civil para, coletivamente, combater a violência no campo e lutar pela reforma agrária popular em Pernambuco.
"Quais são as propostas das usinas? Fazer arruado para posseiros e nos dar um hectare. Eles têm deputados, senadores e o governo. O Incra tem que entrar nos leilões ou não vamos dar nenhum passo", propôs Marluce Melo, da CPT.
Em sua contribuição, a presidenta da Fetape, Cícera Nunes, trouxe seu apoio às vítimas dos conflitos agrários e destacou a importância da unidade nessa luta: "Precisamos estar unidas e unidos, pois os latifundiários vão continuar colocando os bois em cima de nós para nos desmobilizar. O Incra é um instrumento para termos acesso à terra e trabalho. Não quero latifundiários invadindo minhas terras como invadem as suas hoje. Vamos fazer um plano conjunto, a nossa unificação é importante. Não vamos aceitar que decretos atrapalhem desapropriações". A presidenta da Fetape também apontou a necessidade de que o Incra tome as rédeas desse processo com apoio dos movimentos sociais.
Como resultado dessa reunião, foi encaminhada uma nova reunião em 30 dias com o MDA para acompanhar o que foi pactuado, a realização de uma grande audiência pública e a participação do Incra nos leilões.