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Famílias que vivem em áreas de conflitos na Zona da Mata seguem mobilizadas pela reforma agrária

Esta quarta-feira (23) foi marcada por mais uma ação de luta pela terra em Pernambuco e combate à violência no campo por iniciativa de uma comissão de moradores de áreas de conflitos da Zona da Mata pernambucana e movimentos sociais populares, dentre eles, a Fetape, representadas pelas diretorias de Política Agrária e do Meio Ambiente, e a Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Pela manhã, integrantes da comissão estiveram mais uma vez na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no Recife, para dialogar com representantes da Superintendência do órgão. Na reunião, a comissão questionou a autarquia sobre a situação dos processos relacionados aos seus territórios e demandou atenção às áreas onde a situação vem ficando cada vez mais crítica. O Incra, por sua vez, apontou suas dificuldades e a escassez de recursos proveniente de seis anos de desmontes dos (des)governos anteriores.

Pernambuco é um dos estados com mais conflitos agrários do Brasil, ficando atrás apenas do Pará. Em seus territórios, onde algumas famílias vivem há mais de 100 anos, trabalhadoras e trabalhadores rurais agricultoras e agricultores familiares vêm sendo ameaçados por jagunços armados e sofrendo com o envenenamento proposital dos seus cultivos solo, da água e do ar pelos interessados em suas terras.

Ano passado, no engenho Roncadorzinho, em Barreiros, na Zona da Mata Sul, o menino Jonatas, de 9 anos, foi assassinado na frente da sua família por capangas a mando de latifundiários. O alvo do crime era o líder da associação de agricultores rurais local, pai de Jonatas, que esteve presente na reunião.

A diretora de Política Agrária da Fetape, Rozário França, que participou da agenda, destacou a importância de se intensificar as ações diante das violências que a população das áreas de conflito vem enfrentando. “Esperamos que o Incra, junto conosco, resolva essas questões” apontou.

As atividades do dia concluíram com uma Audiência Pública Popular articulada pela Missão Denuncia – Missão em Defesa dos Direitos Humanos e Moradia, ao Território e contra os Despejos no Recife, RMR e Zona da Mata. Nos dias 21,22 e 23 de agosto, a Missão realizou em conjunto com a Fetape e a CPT uma série de visitas para diagnosticar os problemas de conflitos no Estado em diálogo com representantes das comunidades e culminou com a audiência no auditório Dom Hélder Câmara, na Universidade Católica de Pernambuco, no Recife .

Na audiência, homens e mulheres do campo e da cidade que moram em áreas de conflito e ocupações compartilharam a situação de seus territórios, apontando as dificuldades em regularizar suas moradias e dialogar com o poder público, além das diversas formas de violência que enfrentam diariamente. “Se a gente sair de nossas comunidades, onde nós vamos morar?”, apontou Seu Adriano, morador do Engenho Fervedouro, no município de Jaqueira, e completou: “Lá estão plantadas as nossas raízes”.



A diretora de Política do Meio Ambiente, Ivanice Melo, também esteve presente na audiência e ressaltou a importância dessa ação para o combate à violência no campo. “É importante saber que essa luta por moradia, terra para produzir e habitar, defender seus territórios se estende há anos e que a defesa pela vida é prioridade. A junção de diversas entidades ali presentes tem a obrigação de fazer a voz do povo ser respeitada. Defendemos o direito à moradia digna”.

 

 

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