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“O Brasil precisa avançar na produção de alimentos e a sociedade precisa avançar na visão preconceituosa da agricultura familiar”

A frase é da economista, Tânia Bacelar, que participou do 1º Conselho Deliberativo da Fetape em 2022, em Carpina, nos dias 12 e 13 de abril

Após 2 anos de pandemia, a Fetape realizou o 1º Conselho Deliberativo de 2022, de forma presencial, nos dias 12 e 13 de abril, no Centro Social da Fetape, em Carpina, na Zona da Mata de Pernambuco. Cerca de 300 delegados e delegadas de Sindicatos de Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares participaram de uma análise de conjuntura com a economista e professora aposentada da UFPE, Tânia Bacelar, e o diretor de Política Agrícola, Adimilson Nunis.



Em sua análise econômica e social, a economista afirmou que a recuperação econômica brasileira não virá de modelos do passado. O mundo está em outro momento, em que exige repensar um projeto de desenvolvimento novo para o país. “ Fizemos avanços importantes nas políticas públicas, nas décadas recentes, e os movimentos sociais rurais foram os protagonistas principais. A agricultura familiar pode ser um dos vetores do novo ciclo de desenvolvimento do nosso país”.



Para a economista, a sociedade brasileira ainda enxerga o campo com uma visão ultrapassada de um lugar de atraso e poucas perspectivas econômicas. Segundo Bacelar, há uma mudança acontecendo da Região Metropolitana do Recife (RMR) ao interior do estado. A RMR representa 2/3 do PIB estadual. Pernambuco também avança na nova era da energia limpa e renovável.


Na análise destacou também o ano de 2022 como desafiador, com a economia em recuperação. Além da crise social com impacto negativo no emprego, com a situação de subutilização da mão de obra que afeta mais as mulheres do que os homens. Segundo Bacelar, 1/3 das mulheres são subutilizadas.  Ela ainda apontou o avanço da fome no país, menor renda, alta da inflação, poder de compra corroído. Tânia lembrou que existem 19 milhões de pessoas passando fome.

O diretor de Política Agrícola da Fetape, Adimilson Nunis, trouxe as políticas públicas em que avançaram para o Nordeste, entre elas, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Porém, destacou que é um valor muito pequeno ainda de financiamento para a região Nordeste.



“O horizonte é avançar para recuperar políticas públicas para a agricultura familiar. Há uma preocupação com o Pronaf, uma política que construímos, trabalhamos, mas que ainda é um valor muito pequeno. Ele pode trazer mais desenvolvimento, mas na prática muitos agricultores e agricultoras estão se endividando. O nosso Pronaf é insignificante para a juventude. Poucos acessaram, assim como o Pronaf Mulher e Agroecologia”, pontuou.

Ele também apontou o desafio com a assistência técnica rural voltada para a agricultura familiar. E no aspecto da comercialização de produtos há o desafio de mais municípios passarem a comprar dos agricultores e das agricultoras.

Participação do MSTTR-PE nas eleições 2022 – O cenário das eleições em Pernambuco, e no país foi destaque também no Conselho. A presidenta da Fetape, Cícera Nunes, enfatizou o quanto a política define a vida do agricultor e da agricultora, e a importância de o sindicato rural participar da política sindical e partidária. A mesa de debates contou com o deputado estadual Doriel Barros e o deputado federal Carlos Veras.


Os tempos de crescimento no país, na época de governos populares do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ex-presidenta, Dilma Rousseff, foram mencionados pela presidenta da Fetape, Cícera Nunes, como momentos fundamentais de reposicionamento político para o movimento sindical rural.  “Nós não vamos nos negar uns aos outros e nem ter medo de dizer a verdade de qual projeto queremos seguir com foco, planejamento e avaliação política”.



O deputado Doriel Barros enfatizou a importância de fortalecer o projeto político que valorize o homem e a mulher do campo. “O que nos move é fazer com que as políticas públicas possam chegar para as pessoas que mais precisam. Tentamos mostrar que o agricultor precisa ser valorizado. Lutamos para ter o nosso espaço e sabemos que a agricultura familiar tem um papel importante na economia de Pernambuco”, disse.

Para o deputado federal Carlos Veras é fundamental entender o papel da nossa participação na política. Ele acredita que o trabalhador e a trabalhadora rural precisam fazer a disputa e buscar a valorização da agricultura familiar. “Sofremos preconceito daqueles que querem nos escravizar. Não foi à toa que nos chamaram de ‘ruralada’, como se fossa uma afronta ter um deputado agricultor”, contou ele sobre o preconceito enfrentado na Câmara Federal.

O Conselho Deliberativo contou com apoio do Termo de Fomento 008.2020/DAS – Fetape.

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