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Fetape promove Seminário de Formação sobre os impactos dos grandes empreendimentos de energia eólica em Pernambuco

“Energia para quê, para quem e de que forma? A que preço estamos vivenciando a chegada dessas energias em nossas comunidades?”. O Seminário de Formação sobre os Impactos dos Grandes Empreendimentos de Energia Eólica em Pernambuco aconteceu nesta quinta e sexta-feira, dias 14 e 15, em plataforma virtual, com a participação de lideranças de sindicatos de trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares, representantes de entidades e movimentos sociais populares, professores/as e pesquisadores/as do Nordeste e de outras regiões.



A Fetape, por meio da Diretoria de Meio Ambiente, promoveu o encontro com rodas de diálogos e debates sobre o modelo adotado pelos grandes empreendimentos eólicos no país. O encontro divulgou uma Carta Política com proposições para melhorias nas áreas onde estão sendo instalados parques eólicos.Também foi realizada a pré-estreia de documentário "A Armadilha da Energia Eólica", que deverá ser lançado para o público ainda este ano.  

O Brasil atualmente é líder na América Latina em quantidade de parques eólicos. Ao todo, existem mais de 970, sendo a maioria nos estados do Nordeste: Rio Grande do Norte, Bahia, Piauí, Ceará e Pernambuco.



A primeira roda de conversa foi sobre “A mudança na matriz energética no Brasil e os impactos na agricultura familiar: o caso dos grandes empreendimentos de energia eólica”, que contou com as contribuições da pesquisadora do Rio Grande do Norte, Moema Hoffstaetter. A cientista apontou problemas ambientais, de saúde e econômicos, como as assinaturas de contratos pelos agricultores e agricultoras familiares com empresas para implantação dos parques.



“Não se assina contrato com empresa eólica sem conhecer o conteúdo. Inclusive, se você não quiser renovar as multas são caríssimas”, alertou a pesquisadora. Moema também falou sobre os problemas como barulhos de maquinários para instalação dos parques, as pás que emitem sons que afetam o cérebro, dá dores de cabeça e pode provocar até epilepsia.

Para Moema, as energias não são limpas, porém são renováveis. Ela provocou os participantes sobre a quem se destina a energia, e relatou que 90% dos mais pobres consomem apenas 10% da energia produzida no mundo. Dessa forma, os territórios têm sido impactados em troca da geração de energia para os mais ricos no mundo.



Comunidades do Nordeste têm sofrido os impactos. Luiz Carlos, representante da comunidade de Fundo de Feixe de Pasto/Bom Jardim, (BA), falou sobre os desafios enfrentados para permanecer no território baiano, onde são 51 municípios com comunidades de feixe de pasto. “A nossa Bahia não está diferente em sofrer com esses impactos. A gente não é contra a tecnologia de geração de energia eólica, a partir da força do vento, mas, é preciso questionar o modelo atual que está posto em nosso país. Precisamos anunciar alternativas de como podemos produzir essa eletricidade de maneira que sua origem possa ser menos impactante”.

MSTTR-PE tem acompanhado situação de famílias agricultoras – No Agreste Meridional os parques eólicos dominam a paisagem da Caatinga. Inúmeras famílias desocuparam as casas por motivos de saúde, rachaduras e outros problemas. A vice-presidenta da CUT-PE, Uedislaine Santana, esteve no Seminário e destacou a importância de discutir o assunto. “Esse Seminário é muito importante para o que estamos vivenciando em nosso território. É um sofrimento muito grande, mexe com a questão da saúde das pessoas, com a terra e o meio ambiente como um todo. Não somos contra a energia eólica, só queremos defender nossos direitos”, pontuou Uedislaine.



A legislação brasileira afirma que os parques eólicos são de baixo potencial poluidor, mas, no Brasil existem áreas mais sensíveis à instalação, como é o caso de dunas, mangues, matas atlânticas, zonas costeiras. Por isso é fundamental a realização de estudos de impactos e de audiências públicas para monitoramento da instalação de parques.

“O que falta é investimento e políticas públicas pra priorizar a questão ambiental. Estamos vivenciando as invenções tecnológicas chegarem ao campo. São desenvolvimentos que não somos contra, mas, que muitas vezes, causam violência, morte, depressão. Os sindicatos vêm fazendo seu papel em denunciar essas injustiças que estão fazendo com agricultores e agricultoras , disse a presidenta da Fetape, Cícera Nunes.



A secretária de Meio Ambiente da Contag, Sandra Paula Bonetti, comentou da necessidade de envolver federações e ampliar o debate. “É extremamente importante envolver outras federações para que possam compreender e incidir. Historicamente, agricultores familiares não foram consultados, questionados, simplesmente as coisas chegavam e não tínhamos a capacidade de compreender. Temos que questionar os nossos comportamentos: precisamos dessa energia e de que forma estamos utilizando ela? Existe algum tipo de energia limpa?”, concluiu.



O encontro foi coordenado pela diretora de Política para o Meio Ambiente da Fetape, Rosenice Nalva do Espírito Santo, e contou com a presença de outros integrantes da direção da Fetape, além do professor Júlio César, do Comitê de Energia Renovável do Semiárido; do representante do Fórum de Mudanças Climáticas de Pernambuco, Angelo Zanré; de Elizabeth Slylassi, da Articulação contra os Impactos de Energia Eólica de Pernambuco (ACIPE), o deputado estadual Doriel Barros e do ex-presidente do PT e assessor do gabinete do deputado federal Carlos Veras, Glaucus Lima.

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