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Comitiva avaliará impactos de parques eólicos no agreste de Pernambuco, nesta sexta-feira (06)
Agricultores e agricultoras de Caetés, Belo Jardim e Brejo da Madre de Deus serão ouvidas sobre impactos na produção de alimentos e na vida cotidiana
Nesta sexta-feira (6), uma comitiva formada por entidades, movimentos sociais e sindicais e parlamentares visitará as áreas de parques eólicos nos municípios de Caetés, Belo Jardim e Brejo da Madre de Deus, no agreste do Estado. A Comitiva fará visita às comunidades onde foram instalados os parques e ouvirá depoimentos de agricultores e agricultoras familiares sobre os impactos desses grandes empreendimentos na vida dessas famílias.
A primeira visita acontecerá em Caetés, quando haverá a escuta de moradores. Muitos tiveram que abandonar os locais de instalação das grandes turbinas eólicas, também chamadas de aerogeradores. O Brasil possui cerca de 970 parques eólicos. Na região Nordeste, em virtude dos ventos fortes, as empresas estão ocupando cada vez mais áreas extensas dos estados de Pernambuco, Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e o Piauí. Atualmente, são 775 instalados e em construção na região.
A Fetape e sindicatos de trabalhadores rurais agricultores e agricultoras têm feito um trabalho de orientar às famílias agricultoras com relação aos contratos firmados com as empresas de energia eólica. O arrendamento das terras ocorre por mais de 40 anos. Porém, assinar um contrato com essas empresas pode acarretar vários prejuízos como a perda da aposentadoria rural. Muitas famílias sem acesso às informações acabam assinando contratos, pressionadas pela situação de fome e miséria que a pandemia e o corte de políticas públicas por parte do governo federal têm causado.
Fora isso, os impactos ambientais têm alertado pesquisadores no assunto. O corte de dunas, aterramento de lagoas, descaracterização da paisagem, retirada de vegetação nativa para passar o maquinário, a fuga de espécies da fauna e danos à reprodução como denúncias de que existem abelhas que diminuem a sua produção de mel. As torres para serem implementadas necessitam de bastante água. São alertas do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
A pesquisadora do Fórum, Moema Hofstaetter, alerta também sobre a reciclagem das pás eólicas. Em média, em 20 anos todo esse material precisará ser retirado. Muitas partes das torres podem ser recicladas, mas existem denúncias de que as pás não são podem ser recicladas, segundo a pesquisadora.
A construção das torres tem gerado emprego e renda, porém a um custo de exploração da pobreza e da carência de políticas sociais nos estados nordestinos. Ou seja, o título de “energia limpa” é questionado por entidades de pesquisa pois a exploração de minérios e metais tem na base o trabalho semiescravo, sem uso de equipamentos de proteção, por exemplo, em empreendimentos do tipo.
A comitiva da visita será formada por representantes da Fetape, entre elas, a presidenta Cícera Nunes, parlamentares da Comissão de Direitos Humanos, o deputado estadual e presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Política Rural da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Doriel Barros (PT-PE), além de integrantes da Cáritas Regional 2 e Cáritas Diocesana, da Articulação de Entidades que lutam contra o impacto das eólicas (ACIPE).