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Com pressão para reabertura das escolas, Comitê de Educação do Campo diz que prioridade é salvar vidas
O Comitê Pernambucano de Educação do Campo realizou na manhã desta sexta-feira (21) uma coletiva no Armazém do Campo, no bairro do Recife, para reafirmar o seu posicionamento contrário a reabertura das escolas. Com o lema “Volta às aulas na pandemia é crime”, mais de 50 entidades assinam uma nota em que afirmam que o retorno às aulas presenciais só é possível quando houver uma vacina e o controle efetivo da pandemia.
As entidades, centrais e movimentos presentes na coletiva enfatizaram que a prioridade é salvar vidas e que o lucro não pode estar acima da saúde dos estudantes e profissionais da educação. “A pressão a volta às aulas é grande. Inclusive, temos que levar em conta que estamos em ano de eleição e parece que há uma corrida nos municípios para ver quem consegue colocar a educação em movimento porque isso vai ser um ganho político”, destacou o trabalhador da educação e diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe), Edeildo Araújo.
“Para quem voltar as aulas? ”, indagou Edeildo afirmando que dizer que o aluno vai perder o ano é uma forma de fazer pressão nele e na família. “Isso não existe. A gente desenvolve alguns momentos que a gente chama de educação em espiral. A gente pode condensar dois anos em um. Não me refiro a questão dos conteúdos, mas ao formato de educação. Em matemática a gente faz isso” defendeu.
O representante da União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (UESPE), Evandro José, defendeu a reformulação do calendário escolar e disse que muitos estudantes desistiram do ano letivo. Em seu discurso, ele enfatizou a dificuldade de acesso à tecnologia para assistir as aulas remotas. “Parece que todo mundo tem acesso à internet, a TV e a smartphone. Mas essa não é a realidade de todos. E essa pandemia deixou evidente a desigualdade que atinge as famílias pobres do nosso estado e do nossos país”.
A presidenta da Fetape, Cícera Nunes, destacou que a pandemia intensificou as dificuldades que as escolas rurais já enfrentavam como a falta de equipamentos, a precariedade de acesso à internet e acesso à água. “A água chega nas escolas rurais através das cisternas. Mas o governo federal cortou todo recurso para a construção dessa tecnologia social”, denunciou Cícera que defendeu a suspensão das aulas presenciais até que se tenha uma vacina. “Queremos as pessoas vivas”.
Ela também falou da importância da alimentação de qualidade para os alunos/as neste contexto de aumento da fome. “Sabemos que para muitas crianças a merenda era a primeira refeição do dia. Se esse aluno não tem comida em casa alguma coisa está errada. Se não tem comida em casa precisa ter política pública. E nós que representamos a categoria da agricultura familiar, os Sindicatos Rurais, o MST e a ASA, podemos fazer um mutirão para pressionar pela garantia dos direitos básicos como a alimentação”, destacou.
Sobre a estrutura das escolas, Paulo Henrique, do Setor de Educação do MST, destacou que uma das exigências do comitê é o maior investimento de recursos financeiros do Estado e dos Municípios nas escolas. “Mesmo que se tenha a vacina, as escolas precisam ser reformuladas e isso vai exigir uma movimentação de recursos que é um dever e tarefa do Estado. As escolas têm que ter estrutura necessária para que que haja o retorno e sabemos que essa é uma questão estruturante para construção de uma educação de qualidade”, disse.
Confira a nota completa.