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Documentário sobre a Marcha das Margaridas leva a voz das mulheres rurais ao cinema

Centenas de trabalhadoras e trabalhadores rurais ocuparam o Cine Teatro Guarany, em Triunfo, para assistir, gratuitamente, na noite da última sexta-feira (13) o documentário “Margaridas de Pernambuco em Marcha” que tem como protagonistas as mulheres do movimento sindical rural. Próximo ao horário da exibição, o público do meio rural foi chegando ao cinema nas tracionais lotações que fazem o transporte da zona rural para cidade.

“É a primeira vez que algumas mulheres estão vindo ao cinema. Sejam bem-vindas! É muito importante que a gente divulgue esse vídeo pois como diz a canção: “Essa luta não é fácil, mas vai ter que acontecer”, disse a presidenta da Fetape e personagem do documentário, Cícera Nunes. Criado em 1922, o Cine Guarany é uma das principais atrações turísticas do Estado, porém a população periférica ainda tem pouco acesso a ele.

O documentário mostra o cotidiano no espaço público e privado de três mulheres com níveis diferentes de participação na vida sindical. E retrata a construção coletiva das líderes sindicais de Pernambuco na Marcha das Margaridas 2019, que reuniu mais de 100 mil mulheres em Brasília-DF. Foi essa união das mulheres que chamou a atenção de Elineida Bezerra, uma das expectadoras do filme.

“Achei o filme tão bom que acabou muito rápido. O que me chamou atenção é a mulherada junta correndo atrás dos direitos. Minha mãe fala que teve uma época dessa que mulher nem votava né? A mulher não tinha direito ao estudo. E o filme mostra que a mulher está ocupando o seu lugar, pelo direito dela e que juntas somos mais fortes”, disse a agricultora que percorreu 12 km do sítio onde mora, na comunidade quilombola Águas Claras, até o Centro de Triunfo.

A cineasta Shaynna Pidori, que foi responsável pela direção do filme, esteve presente no lançamento e destacou a emoção e o significado histórico do momento, já que é muito difícil levar para o cinema obras audiovisuais realizadas por mulheres e que retratem os movimentos sociais e sindical.

“Durante a sessão senti que estávamos marchando de novo e com a mesma força das cem mil mulheres que marcharam a Brasília o ano passado, só que agora convidando todo mundo que também sonha com uma vida melhor, menos desigual e equitativa a marchar junto com a gente. Isso é fazer cinema de resistência”, disse.

O lançamento em Triunfo contou com a particpação da diretora de Mulheres da Fetape, Adriana do Nascimento, do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Sertão Central, lideranças sindicais, assessoria da Fetape, convidados/as e parceiros. 

Serra Talhada – No sábado (14) houve exibição do vídeo com moradores/as do bairro da Caxixola, além de convidados/as. Várias mulheres acompanhadas dos filhos/as participaram da sessão que foi seguida de um debate. A presidenta da Fetape, Cícera Nunes, e a cineasta Shaynna Pidori responderam às perguntas sobre a produção do filme, o trabalho do movimento sindical e a luta das mulheres. O presidente do STR de Serra Talhada, Flaviano Marcos (Fabinho), também marcou presença e contribui no debate.

Quem foi Margarida Alves? O trabalho da mulher na roça é pesado? Foram algumas das questões levantadas pelo público. Ao relatar a história da líder sindical Margarida Alves, que foi assassinada em 1983 por latifundiários, Cícera lembrou dos casos de violência que atingem as mulheres na atualidade: “Doze mulheres são assassinadas por dia em todo o Brasil, segundo dados oficiais”, disse. O fim da violência conta a mulher é uma das lutas da Marcha das Margaridas.

Cícera também falou da sobrecarga de trabalho das mulheres, que além das atividades na agricultura são responsáveis pelos cuidados com o filho e com a casa. E da falta de reconhecimento desse trabalho que ainda é visto por muitos como “ajuda”. Por isso, a importância de sistematizar a história das mulheres do campo para que não fiquem na invisibilidade e possam inspirar outras mulheres na luta por uma sociedade justa e igualitária.

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