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Movimentos do campo destacam a agroecologia como alternativa para enfrentar as mudanças climáticas e a fome durante Conferência Brasileira do Clima

O Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS) do movimento sindical rural foi uma das experiências apresentadas na manhã desta sexta-feira (8), durante a Conferência de Mudanças do Clima, que ocorre no Recife-PE. A Mesa “Agricultura Sustentável: uma transição justa com trabalho decente para um modelo de desenvolvimento sob a ótica dos movimentos do campo” debateu o contexto do modelo de produção agrícola e as estratégias de luta dos movimentos para enfrentar as mudanças do clima, preservar o planeta e garantir alimento aos que vivem em situação de fome e extrema pobreza.

A presidenta da Fetape, Cícera Nunes, destacou que o verdadeiro desenvolvimento sustável é aquele que considera a realidade local, seu povo, sua cultura e ancestralidade. Ela também criticou a liberação massiva de venenos pelo governo federal nas lavouras e destacou a importância da agroecologia para a juventude rural. “As feiras agroecológicas são estratégias de manter o jovem na agricultura, obtendo renda e com boas perspectivas de futuro”.

Cerca de 49% dos estabelecimentos da agricultura familiar do Brasil estão no Nordeste. E destes, 70% se concentra na região semiárida. Para Alexandre Pires, coordenador do Centro Sabiá e da ASA, isso demostra o potencial da região na produção de alimentos. “O modelo hegemônico de produção dominado pelo capital é um modelo falido e insustentável. Temos que colocar a agrofloresta como a principal estratégia para suprir a fome e o empobrecimento da população”.

O presidente da Contag, Aristides Santos, destacou que “o Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural, Sustentável e Solidário (PADRSS) se contrapõe ao agronegócio que é um modelo que concentra terra, água e explora a classe trabalhadora”. Também destacou a importância da renda proveniente dos benefícios rurais na economia dos municípios, ressaltando que é necessário ter políticas públicas que reconheçam a contribuição dos agricultores e agricultoras na geração de alimentos e renda.

Andreia Neiva, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), trouxe o tema do desenvolvimento energético e destacou o impacto que o aumento da energia terá na vida das populações mais pobres, sobretudo, das mulheres que são as responsáveis por pagar a conta de energia. “Como uma família que vive com R$ 400 pode pagar a conta de energia? É mais sobrecarga para as mulheres, que dentro da família são as que são responsáveis por pagar a conta”, destacou.

“Sob o capitalismo não há desenvolvimentos sustentável”, afirmou o coordenador nacional do MST, Gilmar Mauro. Ele também destacou que a agroecologia não é a volta ao atraso. E que o agricultor precisa de tecnologia para ajudar no trabalho penoso que exerce na roça. Também anunciou a Campanha Florestar, em que cada família assentada irá plantar 100 árvores e convidou os movimentos a participarem do Fórum Popular da Natureza, que será realizado de 19 a 22 de março, em São Paulo, com uma programação voltada para debater temas como agroecologia e construção de plataformas e acordos envolvendo agricultores, indígenas, quilombolas, universidades, especialistas. “Queremos o Campo articulado com o Campus. E a aproximação do Campo com a Cidade”.

 

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