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Trajetórias na política sindical e partidária mostram a força da mulher em defesa de trabalhadoras/es
Superação, resistência, articulação, reafirmação, ocupação, mobilização. Palavras que fizeram parte de cada um dos depoimentos de lideranças que fomentam o papel político das mulheres, seja em âmbito partidário e/ou sindical na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. A temática fez parte de exposição dialogada sobre a participação das mulheres na política no 3º módulo do 1º Curso da Enfoc de Formação Política de Mulheres de Pernambuco. Lute como Margarida!
O debate realizado nesta manhã (16), no Centro Social de Carpina, contou com a presença da deputada estadual Teresa Leitão (PT), a co-deputada estadual Jô (JUNTAS/PSOL), a vereadora Ivete Ramos, município de Surubim (PT) e a primeira mulher presidenta da Fetape, Cícera Nunes. O bate-papo aconteceu no espaço intitulado Praça Dilma Jane da Silva, em homenagem a mãe da ex-presidenta Dilma Rousseff, que faleceu esta semana.
A deputada Teresa Leitão contou como se deu a sua filiação ao sindicato, a construção do SINTEPE (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco), a relação com a família, até chegar em seu quinto mandato na política partidária. “Esse quinto mandato é mais desafiador. Estou na mesa diretora. É outro desafio. Estamos lá pra furar esse espaço, pra dar a Casa [Alepe] uma face mais democrática e de mais acesso à população. Mais aberta, para que as pautas das mulheres sejam representadas por nós naquilo que significa representar”, afirmou a deputada.
A veradora Ivete Ramos falou da época em que cortava cana na zona da mata de Pernambuco, ainda na infância, e como entrou para o movimento sindical aos 14 anos. Após filiar-se ao Partido dos Trabalhadores, aos 16 anos, o caminho até ser eleita foi de desafios. “Não é fácil ser candidata. Tivemos que nos organizar e buscar a filiação. Eles formam um paredão no palanque, a gente fica para trás, dão um “catucão” nas costas, dão 5 minutos pra gente falar. Mas, eu digo, entrem na política, não deixem esse espaço vazio. Quando vocês não ocupam, eles ocupam”, enfatizou.
A co-deputada Jô Cavalcanti, do primeiro mandato coletivo de Pernambuco, trouxe a proposta inovadora que recebeu mais de 40 mil votos no Estado. Depois de enfrentar patrões que praticavam assédio moral contra ela, decidiu trabalhar por conta própria como ambulante. Viu que a luta pelo comércio informal e por moradia precisavam ser feitas no espaço da política partidária. Assim, iniciou a vida sindical. “A gente faz política pra fora, não pra dentro. Temos que estar juntas, principalmente no momento difícil que vivemos no país. O que essa jovem democracia nos deu está sendo retirada. A força da mulher está na política e não dentro de casa”, disse.
Os exemplos de coragem e superação também vieram nas palavras da primeira mulher presidenta da Fetape, Cícera Nunes. Agricultora familiar e assentada da reforma agrária do município de Serra Talhada, Cícera enfrentou o machismo dentro da própria família para poder estudar aos 12 anos. Como mulher solteira, precisou provar que era chefe de família para se tornar assentada. Viveu de perto a luta do movimento de trabalhadoras rurais no Sertão, ao acompanhar a liderança Vanete Almeida. Do trabalho nas pastorais da Igreja Católica até a filiação ao PT, a chegada na direção da Fetape, foi um caminho árduo e de enfrentamento as desigualdades entre homens e mulheres. “Quando eu chego, Cícera, na Fetape, não sou só eu. Construímos isso no X Congresso. Aprovamos a paridade. Tive o apoio de mulheres e homens. Então, esse desafio enfrentamos juntas. Precisamos fazer a gestão juntas. Os sindicatos rurais e urbanos precisam dessa luta. Sei desse desafio. Por que nós mulheres na sociedade somos maioria em número, mas em direitos somos minoria”, concluiu.
A exposição foi intermediada pelas diretoras de Organização e Formação, Jenusi Marques, e de Políticas para Mulheres, Adriana do Nascimento. Ambas destacaram a importância de se romper com as correntes do machismo e do patriarcado dentro dos sindicatos para que as mulheres possam seguir na política partidária. “Esse lugar só me serve se tivermos as mesmas condições de trabalho. A paridade só vai nos servir de fato, quando tivermos a capacidade e a compreensão de igualdade nesse Movimento. Não adianta a gente dizer que quer se tornar uma deputada ou vereadora poderosa, se a gente não romper com as correntes dentro das organizações”, apontou Jenusi.
A diretora ainda trouxe a necessidade de apoiar as companheiras que já avançaram degraus nesta luta, para que estas não desanimem. Da mesma forma, Adriana do Nascimento falou das dificuldades de construção de igualdade política. “Mesmo quando acharmos que estamos numa sociedade paritária de direitos, a gente não pode se enganar. O machismo ainda faz parte do nosso meio, e isso precisa ser derrubado, tombado”, enfatizou.