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Margaridas de Pernambuco marcham em defesa de uma previdência social pública

A Fetape e Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais dos dez Polos (Mata Sul e Norte, Agrestes Setentrional, Central e Meridional, Submédio São Francisco, Sertões Central, do Pajeú, do São Francisco e do Araripe) de Pernambuco marcharão neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, pela não aprovação da Reforma da Previdência e contra a Medida Provisória 871/2019, que retiram direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, em especial a aposentadoria rural. O país vive um momento histórico de luta para as mulheres do campo e da cidade. As mobilizações serão ainda mais simbólicas na luta por uma sociedade mais justa e igualitária, no enfrentamento ao machismo, racismo, Lgbtfobia e todas as formas de opressão vividas pelas minorias da sociedade.

No Recife, a Fetape participará da mobilização, na Praça do Derby, centro da cidade, às 15h. O tema deste 8 de Março será “Marielles: Livres do Machismo, do Racismo e pela Previdência Pública”. As Margaridas de Pernambuco vão às ruas contra a Reforma da Previdência do atual governo, que amplia as desigualdades entre homens e mulheres, elevando a idade de aposentadoria da trabalhadora rural de 55 para 60 anos. Sem levar em consideração que as mulheres são as que mais sofrem com doenças crônicas, ocupam empregos informais, têm menor renda, têm dupla jornada de trabalho conciliando atividades fora e os afazeres domésticos.

Durante o processo de mobilização que antecede o 8 de março, a Fetape através da diretoria de Políticas para Mulheres, acompanhou os encontros municipais, onde foram realizadas rodas de diálogo nas comunidades. Grupos de mulheres promoveram o debate sobre a MP 871, a Reforma da Previdência e seus impactos na vida das mulheres e da sociedade como um todo. “A gente tinha o direito assegurado a aposentar-se aos 55 anos, e agora essa Reforma vêm buscando aumentar a idade da mulher por mais cinco anos. Quando a gente considera que as mulheres tem carga de jornada tripla, o organismo é biologicamente diferente, é desumano querer que uma mulher tenha condições de se aposentar aos 60 anos”, explica a diretora de Políticas para Mulheres da Fetape, Adriana do Nascimento.

Os encontros municipais trazem também para o debate da 6ª Marcha das Margaridas, a maior da América Latina, e que será realizada em agosto deste ano. “O 8 de março vem com esse caráter de denunciar à população e à nossa base o que prevê a Medida Provisória [871] com esse processo de retirada [da aposentadoria rural]. Estamos juntos com outras organizações, sindicatos dos professores e servidores, além de outros parceiros. Não é iniciativa isolada. Várias formas estão se dando para esse processo de articulação na base. Ou a gente continua se fortalecendo ou esses direitos serão retirados”, avalia a diretora. Para ela, a mulher é o canal para mobilizar sua família e a sociedade para uma Marcha de denúncia, de protesto, de organização, que possa falar em defesa dos movimentos sociais, e combater a criminalização.

Além dos encontros municipais, serão realizados encontros regionais e audiências públicas sobre direitos que estão ameaçados, como a aposentadoria rural, As mulheres também estão participando de programas de rádios. Essas ações acontecem durante todo o mês de março.

A luta histórica das mulheres rurais também foi lembrada pela presidenta da Fetapa, Cícera Nunes, que destaca a importância histórica da data para a Federação e os movimentos de mulheres no campo. Ela lembrou o tempo em que as mulheres não eram associadas nos sindicatos, e o que representou a luta da líder feminista Vanete Almeida, no início dos anos 1980. Vanete foi assessora da Fetape e coordenadora internacional da Rede de Mulheres Rurais da América Latina e do Caribe (Rede LAC).

“Antes da Rede foi criado o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste [MMTR-NE]. No meu Polo se iniciou a criação do movimento de mulheres. Foi construído um documento para que fosse lido durante o 4º Congresso da Contag. Nesse Congresso, Vanete lutou para que as mulheres pudessem ser aceitas como sócias nos sindicatos rurais, pois só havia homens associados. Isso tudo foi luta! Não vamos cansar até que todas sejam livres”, afirmou a presidenta.

Enfatizou também a vitória e o desafio de ser a primeira mulher presidenta de uma instituição com 57 anos de atuação no movimento sindical rural do país. “Esse desafio necessita ser compartilhado. Nós estamos à frente de várias batalhas, muito mais cruéis com nós mulheres do que com os homens. Sinto isso na questão dos espaços de poder, da violência psicológica, dos assédios sexuais, questões morais e éticas. Muitas mulheres deixam de perceber, e a maioria dos homens faz e acha natural. Temos que combater isso, zerar isso. Isso um dia será combatido desde que a gente se una”, disse Cícera.

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