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Experiência pioneira da FETAPE de formação com idosos em Simpósio Internacional

A experiência de formação política para pessoas idosas do campo em Pernambuco foi apresentada na última quinta-feira (21), no II Simpósio Internacional sobre Estado, Sociedade e Políticas Públicas (II SINESPP), em Teresina (PI). “Estado e Políticas Públicas em contexto de contrarreformas” foi o tema do evento que reuniu mais de 600 pessoas, aconteceu de 20 a 22 de junho, no campus da UFPI. A Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (FETAPE) apresentou o artigo “Envelhecimento e o Mundo Rural Pernambucano - Uma experiência de formação política para agricultoras e agricultores familiares idosos do interior de Pernambuco”, que traz o olhar de dois educadores populares da Rede da Enfoc, Rosely Arantes e Amarildo Carvalho de Souza, que vêm desenvolvendo a ação junto a Diretoria de Políticas para a Terceira Idade da Federação.

Dentro do II SINESPP, dos mais de 300 trabalhos aprovados, apenas o da Fetape discutia envelhecimento e o campo, o que mostra o tamanho do desafio que perpassa essa discussão. O estudo se propôs a explicitar como agricultores e agricultoras rurais do interior pernambucano veem o envelhecimento humano no campo e como se percebem envelhecer. Além de aprofundar a compreensão sobre os papéis que exercem essas pessoas nas organizações sociais e nos espaços de controle social, tendo como pano de fundo o 1º Curso de Formação Política da Enfoc para a Pessoa Idosa do Campo PE – Por um envelhecimento digno, saudável, ativo, autônomo e feliz.

 Para o Diretor de Políticas para a Terceira Idade da Fetape, Israel Crispim, os desdobramentos dessas ações já são percebidos dentro e fora da Federação. “Nossas/os educandas/os já estão puxando atividades e discussões nas suas comunidades, nos conselhos e dentro do Movimento. Já temos sindicatos que criaram Diretorias específicas e que estão fazendo ações com as/os idosas/os, que estão questionando mais e exigindo da nossa Diretoria a criação e continuação de outras políticas. Isso sem contar na presença dos nossos jovens que estão cada vez mais juntos, respeitando mais esse povo que construiu o MSTTR e aprendendo com elas/es”.

Crispim também destaca a repercussão do curso que já está sendo multiplicado por outras Federações, a exemplo da Bahia, e a aprovação da formação específica para idosas/os, durante o 12º Congresso da Confederação dos Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, em 2017.

Os autores do artigo apontam que esse processo formativo se destaca na medida em traz para a roda a discussão sobre o envelhecimento humano e suas implicações na formulação de políticas para as velhas e velhos do campo, dentro e fora do MSTT. Rosely Arantes alerta que é preciso pensar políticas de forma ampliada, “não se pode pensar de forma homogeneizada, como se o envelhecimento de um/a agricultor/a familiar ou trabalhador/a rural se desse da mesma forma que a de um usineiro ou grande produtor. E muito menos de uma pessoa urbana. As condições e precariedades do universo rural precisam estar na mesa no momento de elaboração de propostas de políticas para o MSTTR e as públicas”.

Amarildo Carvalho aponta como desafios a desconstrução e a reconstrução das compreensões da formação para um público tão específico. “Ainda que a Educação Popular, base da nossa atuação, aponte para nós a integralidade dos sujeitos, foi um desafio pensar, moderar e viver essa formação. Falar sobre a trajetória de criação do Estado brasileiro, por exemplo, com quem tem vinte anos é contar história. Falar disso com quem tem oitenta anos é ouvir e reconhecer que essas pessoas vivenciaram o que está sendo dito. E elas resgatam outros valores e conhecimentos que permeiam essa vivência”, afirma.

O curso, realizado em três módulos de cinco dias cada um deles, é desenvolvido pela Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (Fetape) e pela Escola Nacional de Formação da Contag (Enfoc), em parceria com outras organizações sociais. Ele é pioneiro no país, possui formato estadual com representação das três regiões pernambucanas (Zonas da Mata, Agreste e Sertão) e garante uma cota para jovens e a paridade de gênero. Na primeira turma participaram 47 pessoas e na segunda, 60. Dias 26 e 27 de junho será realizada a Oficina de Autoformação, que preparará o segundo módulo em julho.

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