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Trabalhadoras rurais marcham na luta por seus direitos

Março chegou e com ele a luta diária das mulheres ganha mais visibilidade. Nesta quinta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, e durante todo este mês, o Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais reforça a necessidade da retomada da democracia no país, para barrar os retrocessos de direitos que têm sido vivenciados especialmente pelas mulheres.

Sob o lema: “É preciso ouvir a voz de todas as ‘Margaridas’ - Para transformar o campo e a cidade a partir da força das mulheres”, trabalhadoras rurais estão mobilizadas e organizadas, em todos os cantos do estado, em atos públicos, seminários, rodas de diálogo, assembleias, entre outras ações. “Estamos indo nas associações comunitárias fazendo o trabalho de base e já convidando as pessoas”, conta Uedislaine de Santana, 28 anos, uma das integrantes do Agreste na Comissão Estadual de Mulheres Rurais(CEMTR).

Para reforçar as ações que acontecerão nos municípios e nos Polos, a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (Fetape) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) promoveram estratégias de mobilização e comunicação.

“Estamos incentivando as mulheres a marcarem um posicionamento político,  ocupando as câmaras de vereadores, realizando audiências e atos públicos, e se fazendo presente nas rádios locais. A proposta é conseguirmos atingir um número grande de pessoas com essas mobilizações”, explica Jenusi Marques, Diretora de Política para as Mulheres da Fetape.

Entre os materiais de comunicação produzidos estavam spots para rádios, cartazes, panfletos e materiais para uso nos perfis e páginas de redes sociais na internet. A proposta é fortalecer as bases, e contribuir para a orientação metodológica de ações, além de subsidiar o debate das mulheres nas suas famílias, nas suas comunidades e junto aos seus sindicatos.

Sobre essa estratégia, a trabalhadora rural Lindalva Maria de Brito, 61 anos, uma das integrantes da CEMTR pela Mata, reforça que é necessário mobilizar cada vez mais mulheres para a luta. “Essa data é importante porque hoje temos conquistas, mas precisamos estar na luta, para avançarmos ainda mais. E é necessário que a gente comunique e converse com as outras companheiras, para que elas saibam o que isso significa”.   

As mulheres do Movimento Sindical Rural destacam que os temas trabalhados durante as atividades relacionadas ao Dia Internacional da Mulher fazem parte de suas lutas diárias. Em alguns municípios, por exemplo, os Sindicatos pretendem reforçar o debate sobre violência contra a mulher. “Antes, a violência era só nas cidades, mas agora está forte nos sítios, na zona rural”, pontua Valdilene Cabral da Silva, 44 anos, uma das representantes do Sertão na Comissão Estadual.

As mulheres também estão colocando em pauta a luta pela democracia e garantia de direitos; pela autonomia econômica, trabalho e renda; em defesa da sexualidade vivida com liberdade e de uma educação não-sexista; e pela agroecologia e soberania alimentar; além da necessidade de se barrar a reforma da previdência.

“Temos percebido que um grande desafio é sobreviver a essa conjuntura, que tem retirado nossos direitos, a partir do avanço do conservadorismo sobre nossas vidas e nossos corpos.  Além do desafio de manter as mulheres no campo, mesmo diante desse cenário,  tudo isso tem nos provocado a manter a base resistindo e animada, mostrando que temos que fazer uma grande mudança para as eleições partidárias, porque podemos influenciar a conjuntura política, elegendo mais mulheres na política e pessoas que contribuam e que se identifiquem com a luta das mulheres trabalhadoras rurais”, explica Jenusi.

Mulheres em marcha

O 8 de março também é momento de dar início aos preparativos da VI Marcha das Margaridas, a ser realizada em 2019. Em todo o Brasil, mulheres iniciam mobilizações, processos de articulação e de parcerias rumo à Marcha. Pernambuco será um dos estados que acolherá, ainda este ano, a Caravana das Margaridas. “A Caravana é um momento que reunirá mulheres de todos os estados do Nordeste, para discutirmos a importância da Marcha, quais eixos queremos nesse debate e no caderno de textos, e para afinarmos a aliança das trabalhadoras rurais do Nordeste”, conta Jenusi Marques.

As mobilizações para a Marcha também vêm sendo realizadas nos municípios. “Já estamos divulgando e falando sobre a marcha, para que as mulheres sintam o chamado para fazer parte desta luta, que não é só de uma, mas de todas as mulheres”, conta Uedislaine de Santana.

A Marcha das Margarias é uma das maiores mobilizações do Brasil e é protagonizada por mulheres do campo, das águas e das florestas, reunindo trabalhadoras rurais, agricultoras familiares, pescadoras, extrativistas, mulheres de comunidades tradicionais, entre outras. A Marcha acontecerá em Brasília – DF, em agosto de 2019, e é uma referência ao mês do assassinato da sindicalista Margarida Alves, há 35 anos, na Paraíba.

 

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