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Sementes que cultivam a vida no campo, fazendo florescer a esperança em dias melhores

“A semente crioula, a gente planta sabendo o que tá plantando. Ela é resistente ao sol, e quando a chuva se distancia uma da outra, ela (a semente) espera, não morre. Foram sete anos de seca, e nós sempre tivemos a semente. Já essa transgênica, não aguenta. Sem contar que ela é ruim para a saúde”. Essa foi a explicação de Seu Francisco João Cordeiro, 73 anos, conhecido como Chico de Santo, de Brejo da Madre de Deus, ao ser questionado sobre a diferença entre os dois tipos de sementes. Orgulhoso, ele contou que começou a trabalhar com as sementes crioulas desde os sete anos, por ensinamento do pai, e que, hoje, são muitas as variedades plantadas no seu roçado: “Eu tenho feijão de corda, que tá na minha mão há mais de 40 anos; tenho também jerimum, melancia, fava, milho roxo, algodão”.

E foi para multiplicar experiências como a de seu Francisco que a Contag e a Fetape realizaram, no final de semana, em Triunfo, com a presença de mais de 70 participantes de todo o estado, o Seminário Territorial sobre a Valorização dos Saberes e Troca de Sementes Crioulas da Agricultura Familiar de Pernambuco. A iniciativa contou com o apoio do Senar.

Durante a programação, houve um rico debate sobre as variedades de sementes do estado e a identificação de estratégias de multiplicação dos bancos comunitários de sementes. Vários parceiros do Movimento Sindical Rural contribuíram com as abordagens, mas todos e todas tinham consciência que os maiores ensinamentos estavam na vivência de cada agricultor e agricultora familiar presente. Por isso, o momento da feira de saberes foi bastante valorizado.

“A realização desse encontro foi um passo muito importante para o fortalecimento da agricultura familiar de Pernambuco, pois estamos aprendendo com a nossa própria caminhada, com a realidade das nossas regiões. Acredito que, com os encaminhamentos tirados, tanto nós, da Fetape, por meio das diferentes diretorias, como a Contag, teremos vários subsídios para contribuir com a nossa base, no fortalecimento do resgate, cultivo e multiplicação das sementes crioulas”, avaliou o diretor de Política Agrícola da Fetape, Adimilson Nunis

Acompanhe alguns dos encaminhamentos do Seminário:

· Integrar e fortalecer a rede/movimento de sementes crioulas do estado de Pernambuco (Sementes da Partilha), adotando como agenda permanente a agroecologia e a valorização das sementes crioulas;
· Criar um nome para as sementes crioulas do Movimento Sindical em Pernambuco;
· Mapear as diversas ações e iniciativas de bancos de sementes no estado;
· Realizar processos formativos com os guardiões/guardiães de sementes existentes e formar novos guardiões/ães;
· Propor Lei Estadual de Sementes com o objetivo de criar uma Política Pública Estadual de resgate, valorização e multiplicação das sementes crioulas; 
· Propor às prefeituras a compra de sementes dos/as agricultores/as familiares para formar bancos de sementes municipais (bancos rotativos com empréstimos e devolução) – Pensar projeto piloto; 
· Captar recursos, por meio das Emendas Parlamentares, para apoio para projetos de banco de sementes.

 

 

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