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Governo do Estado assume compromisso com a Pauta do Grito da Terra e diz que não apoiará a Reforma da Previdência
Um grito de indignação, mas também de resistência. Esse foi o tom do 6º Grito da Terra Pernambuco, que ocorreu ontem, no Recife, com a participação de mais de 6 mil pessoas de todas as regiões do estado. Diante desse cenário, parlamentares estaduais de diferentes partidos se comprometeram em articular suas bancadas contra a Reforma da Previdência, durante Audiência Pública na Assembleia Legislativa (ALEPE); já durante reunião no Palácio, o Governo do Estado também reafirmou esse compromisso, além de dar respostas a diferentes itens da Pauta de Reivindicações apresentada pela Fetape, Fetaepe e seus Sindicatos, em parceria com vários Movimentos e Organizações Sindicais e Sociais.
Já por volta das 7h, delegações de várias regiões começaram a chegar à Assembleia Legislativa de Pernambuco, local marcado para a concentração. Nas mãos, elas traziam bandeiras e faixas repudiando a retirada de direitos dos trabalhadores, pelo Governo Federal e Congresso Nacional, mas também reclamando da falta de investimentos do Governo do Estado em políticas públicas voltadas para o campo.
Às 10h30, foi iniciada a Audiência Pública sobre a Reforma da Previdência, puxada pela Comissão Especial responsável pelo tema dentro da Alepe, a partir de uma solicitação da Fetape. Milhares de trabalhadores e trabalhadoras rurais que não puderam entrar, devido à capacidade do Plenário, ouviram os debates por alto-falantes.
Além de vários deputados estaduais, os trabalhos contaram com a presença do senador Humberto Costa; dos deputados federais Silvio Costa e Ricardo Teobaldo, e do representante da Arquidiocese, padre Josenildo Tavares. O espaço ficou lotado com lideranças sindicais e de movimentos e organizações sociais, prefeitos e vereadores ligados ao Movimento Sindical Rural e trabalhadores rurais. Todos os discursos foram na direção do fortalecimento da luta contra a Reforma, a partir do diálogo com as bancadas federais. O presidente da Comissão, Silvio Costa Filho, afirmou que o relatório do debate será enviado ao Congresso Nacional, mostrando esse posicionamento.
Na ocasião, o presidente eleito do Contag, que tomará posse no final deste mês, Aristides Santos, afirmou que “o trabalho que a Fetape está realizando em todo o estado, promovendo, com os Sindicatos, Audiências Públicas nos municípios para sensibilizar governantes e parlamentares contra a Reforma, também é assumido pela Confederação, em nível nacional, no diálogo com o Congresso”.
O presidente da Fetape, Doriel Barros, em seu discurso fez questão de lembrar: “Já realizamos mais de 100 audiências nos municípios, e assumimos um posicionamento junto com os trabalhadores: o deputado ou senador que aprovar essa Reforma da Previdência e qualquer político que apoiá-la não terá o nosso voto nas próximas eleições".
Homenagem
A final da audiência e antes da abertura oficial da caminhada do Grito da Terra, foi realizada uma homenagem póstuma ao líder sindical e primeiro agricultor familiar a ter um assento na Assemblei Legislativa, Manoel Santos, com a leitura de um texto sobre a importância da liderança, feita pela poetisa Lucenir Maria dos Santos Silva, e uma capela da música “Vida de Viajante”, interpretada por Elias Dionizio, irmão do homenageado. A viúva, Socorro Silva, também fez uma fala emocionada, destacando a importância da continuidade da luta, que era um desejo de Manoel.
Muitas falas políticas da Fetape e parceiros ocorreram em cima do trio elétrico, antes e durante a caminha, que seguiu até o Palácio do Campo das Princesas. O objetivo foi receber do governador Paulo Câmara o retorno à pauta de reivindicações entregue no dia 04 de abril.
Momento com o Governo do Estado
O governador se reuniu, inicialmente, com uma comissão do Grito, e depois falou aos trabalhadores. Durante o encontro, ele assinou dois decretos, que vão consolidar a agroecologia e a agricultura familiar de Pernambuco, além de garantir o fortalecimento do Programa Chapéu de Palha com o anúncio do envio, ainda nesta semana, à Assembleia Legislativa de um Projeto de Lei para reajustar em 10% o benefício.
“Entendemos a preocupação do trabalhador rural e reafirmamos o nosso compromisso em realizar ações que passem pela melhoria da chegada da água, pela segurança no âmbito da zona rural e questões que envolvam a educação. Vamos realizar obras que garantam a instalação de cisternas, sistemas simplificados e a perfuração de poços para dar condições ao trabalhador de produzir mais apesar das dificuldades de água”, afirmou . “Saio daqui hoje com o dever de casa de defender o homem do campo, para que ele tenha condições de, com o próprio trabalho e na sua terra, fazer avanços e poder se estabelecer com essa atividade econômica importante que nós sabemos que é”, completou.
O primeiro decreto assinado pelo governador institui uma comissão multisetorial para fins de desenvolvimento de Plano de Reestruturação Socioprodutiva da Zona da Mata do Estado de Pernambuco. O segundo, cria a Comissão Estadual para fins de desenvolvimento de Plano de Agroecologia e Produção Orgânica do Estado de Pernambuco. “Os dois decretos farão com que representantes dos movimentos e do Governo de Pernambuco estejam sempre juntos, dando respostas à população”, explicou o governador Paulo Câmara.
Com relação ao combate à violência, Paulo Câmara assegurou que o Governo de Pernambuco irá disponibilizar mais equipamentos e policiais na zona rural para garantir a segurança dos trabalhadores rurais. Sobre a reforma da Previdência, ele reforçou o compromisso de lutar para que não haja prejuízos ao trabalhador rural.
O presidente da Fetape, Doriel Barros, em seu discurso, ao final da reunião, agradeceu aos trabalhadores e trabalhadoras e aos parceiros por estarem junto com a Fetape nessa luta em defesa dos direitos das populações do campo. “Tenham certeza de uma coisa: as entidades vão acompanhar a efetivação das políticas que foram propostas. Este povo que está aqui, governador, não porque acha Recife bonito, mas por não aguentar mais tanto sofrimento. Estamos carentes de acesso a políticas públicas de qualidade, para atender as necessidades dos homens e mulheres do meio rural, que sofrem com a seca e com o descaso. Mas, sabemos que, só com muita luta, vamos conquistar dignidade para a nossa gente”, disparou.