Parceria inédita pretende formar jovens em agroecologia e fortalecer a cidadania no campo
A união de forças entre a Fetape, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), o Centro Agroecológico Sabiá e a Pastoral da Juventude Rural (PJR) pretende formar 60 jovens da Zona da Mata Sul e do Sertão do Pajeú, por meio do Curso de Formação Agroecólogica e Cidadã. O primeiro 1º Módulo está acontecendo esta semana (entre os dias 21 e 25/11), no Centro Social Euclides Nascimento, em Carpina. Durante a ação, cada formando/a vai assumir o compromisso de ser multiplicador em sua comunidade.
O curso pretende promover a formação agroecológica e cidadã para os/as jovens camponeses, contribuindo, entre outras coisas, para a inclusão social e produtiva; a melhoria da renda; e o acesso às políticas públicas. Afirmando, assim, o campo, como espaço de vida, cultura e dignidade.
“O campo é um espaço onde se constroem culturas e saberes e não podemos deixar que a antiga lógica continue predominando. Lógica que está diretamente ligada aos problemas que a juventude enfrenta hoje de não conseguir permanecer no campo, que impede haja sucessão rural. O debate sobre a agroecologia tende a fortalecer elementos e possibilidades de o jovem permanecer no meio rural, a partir de um reconhecimento de outras formas de se relacionar com a natureza, como a agroecologia, por exemplo”, defende a professora da UFRPE, Joana Lessa.
A proposta formativa é inspirada na metodologia do Ver–Refletir/Julgar–Agir e tem a Pesquisa como um elemento constante no processo de aprendizagem, por tomar como base a realidade concreta dos/as participantes, por meio de projetos produtivos, que podem ser agrícolas ou não agrícolas, culturais, de comunicação, ou mesmo de informática.
“O curso está pensando a partir das expectativas que os jovens têm. Porém, não será abordado apenas no âmbito produtivo, mas nos parâmetros sociais, das relações com as pessoas e com a natureza. Com essa atividade, queremos que os jovens possam ir além do conhecimento técnico do sistema agroecológico. Queremos que eles se tornem multiplicadores dessa ideia, de um campo com possibilidades de se viver, produzir e ser feliz”, diz a diretora de Política para a Juventude da Fetape, Adriana Nascimento.
Com base na metodologia de Paulo Freire, o Curso de Formação Agroecológica e Cidadã terá carga horária de 360 horas, com 180 horas no tempo-escola e 180 do tempo-comunidade, ou seja, a atividade será por alternância, considerando a vivência do/a jovem na sua base e comunidade. Com duração de um ano e meio, a ação terá como temas transversais: agroecologia e campesinato, projeto produtivo, inclusão digital e comunicação, e cultura e lazer no campo.
Os módulos serão realizados sempre nos espaços do Movimento (Centros da Fetape, PJR e Sabiá) e cada aluno/a receberá uma bolsa mensal. Em sua totalidade, o curso terá duração de um ano e meio. Os participantes receberão certificados como Técnicos/as em Agroecologia.
Os/as educandos/as também irão participar de oficinas de teatro de bonecos e mídias móveis, repetindo a parceria entre o Instituto Manoel Santos e a Coordenação dos Povos Tradicionais e Populações Rurais, ligada à Secretaria de Cultura do Estado. Aprender como elaborar um programa de rádio por meio de uma rádioweb e o cultivo de hortas também fazem parte da programação.
O Curso de Formação Agroecológica e Cidadã é realizado pelo Núcleo de Agroecologia e Campesinato da UFRPE (NAC), com recursos do extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).
Escuta
No mês de setembro, os/as educandos tiveram um primeiro contato com a grade curricular do Curso, durante a aula inaugural ocorrida entre os dias 26 e 29, em Carpina. Ao mesmo tempo, a equipe de coordenação do Curso, formada pela Fetape, Centro Sabiá, Pastoral da Juventude Rural e Universidade Federal Rural de Pernambuco realizava uma escuta das expectativas dos/as futuros/as técnicos/as.