Mulheres sertanejas dão continuidade à luta e à sua história
O Sertão pernambucano marcou o início da luta e organização das mulheres trabalhadoras rurais no estado, mais precisamente a partir de 1981, período em que o Nordeste vivia seu terceiro ano de seca e elas tiveram que lutar para participarem das frentes de emergência implantadas pelo governo federal da época, que só permitia homens. Essas e outras histórias serão revividas durante a realização do Encontro Regional de Mulheres Trabalhadoras Rurais, nos dias 23 e 24 de agosto, em Triunfo, sob a coordenação da Diretoria de Política para as Mulheres da Fetape.
Com o objetivo de fortalecer a atuação e o protagonismo das mulheres nas diversas esferas do Movimento Sindical Rural, retomando as suas trajetórias históricas de lutas por direitos, essas atividades estão sendo realizadas nas três regiões do estado. O da Zona da Mata, no início deste mês, ocorreu em Carpina.
A ação também pretende, entre outros temas, refletir sobre as conquistas e desafios das mulheres do Movimento Sindical Rural de Pernambuco, dialogando com a inter-influência do movimento feminista em suas histórias de militância e destacando as suas atuais pautas de reivindicações.
A história - Voltando um pouco no tempo, na região, a primeira reunião foi realizada no município de Caiçarinha da Penha, em Serra Talhada, no Sertão Central. Conduzida por Vanete Almeida, na época assessora da Fetape, e contou com a presença de oito mulheres. Já no 2º encontro, foram discutidos problemas relacionados à seca e às frentes de emergência.
A partir daí, os encontros se estenderam por 8 municípios da região e culminaram com a realização do 1º Encontro de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Sertão Central, em 1984, também no município de Serra Talhada. A atividade contou com a participação de 26 trabalhadoras rurais representantes de 19 comunidades, além da presença da 1º mulher eleita presidente de um sindicato, Maria Ferreira Lima de Souza, dona Lia, que cumpriu gestão no Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais de Itapetim.
Ao final do encontro foi elaborado um documento contendo a tese sobre “Como aumentar a participação das mulheres trabalhadoras rurais no Movimento Sindical”. Esse material foi encaminhado ao IV Congresso Nacional de Trabalhadores Rurais, realizado em 1985, em Brasília, e defendido por dona Lia. Com a aprovação, a proposta de organização de um trabalho específico com mulheres dentro do Movimento Sindical Rural foi levada para todos os estados.
Esses relatos serão contados pelas memórias vivas dos Polos Sindicais do Sertão do Sertão Central, do Pajeú, do Submédio São Francisco, do Vale do São Francisco e do Araripe, que estarão presentes na atividade. “Queremos que seja um encontro onde possamos renovar nossa militância a partir desses depoimentos e que também as mulheres mais jovens possam ouvir e saber como foi o início da luta pelas próprias protagonistas. Certamente, será uma experiência muito rica”, adianta a diretora de Política para as Mulheres da Fetape, Maria Jenusi Marques.
O terceiro e último Encontro Regional será com as mulheres rurais Agreste, previsto para acontecer entre os dias 14 e 16 de setembro, em Garanhuns. A realização dessas três edições pretende qualificar as mulheres para a Plenária Nacional e Estadual das Mulheres Trabalhadoras Rurais, que acontecerá em outubro e novembro de 2016, respectivamente, bem como para o 7º Encontro Estadual de Mulheres Trabalhadoras Rurais, que acontecerá em 2017.