Semiárido vai às ruas contra o golpe e em defesa dos direitos
Foto ilustrativa
Caravanas de cinco estados aportarão nas cidades de Petrolina – PE e Juazeiro – BA nesta segunda-feira, 11, para participar do ato - Semiárido contra o Golpe -Nenhum Direito a Menos - que contará com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. São esperadas cerca de 20 mil pessoas que virão dos estados de Pernambuco, Bahia, Piauí, Ceará, Paraíba e Minas Gerais. A ação tem por objetivo defender a continuidade de ações de Convivência com o Semiárido que encontram-se ameaçadas na atual conjuntura política do país.
Inicialmente, as caravanas formadas por agricultoras e agricultores familiares e movimentos sociais do Semiárido se concentrarão na Orla de Juazeiro (BA), a partir das 14h30 quando por volta das 16h, Lula acompanhado do governador Rui Costa (PT), do prefeito de Juazeiro, Isaac Carvalho (PC do B) e demais lideranças políticas do estado e região, lançarão um programa voltado para o Semiárido baiano. Lula ainda participa de um encontro político na cidade baiana.
O Ato Público que denuncia o golpe está marcado para Petrolina, a partir das 17h. As caravanas virão de Juazeiro para a vizinha cidade pernambucana em passeata pela Ponte Presidente Dutra, como ocorreu em 2014, no ato de campanha de reeleição de Dilma na região. O ato em Petrolina será montado na Avenida Joaquim Nabuco, próximo à orla 1 da cidade, no centro, contará com apresentações culturais, shows e as falas de integrantes da Frente Brasil Popular e de Lula.
O ex-presidente Lula estará presente nas duas cidades, onde mais de 20 mil pessoas são esperadas para reafirmar para todo o país as políticas sociais implementadas nos últimos 13 anos, as quais mudaram a vida de milhares de pessoas no Semiárido. Além disso, o objetivo é denunciar as ameaças que todas essas políticas vêm sofrendo devido às medidas retrógradas, a exemplo da extinção de ministérios e cortes de orçamentos de programas e projetos essenciais para o povo do Semiárido brasileiro.
O Ato está sendo organizado pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e pela Frente Brasil Popular (FBP), que é formada por partidos de esquerda e movimentos sociais como Fetape, MST, MAB, MPA, Levante Popular da Juventude, Consulta Popular, Pastoral da Juventude Rural, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e Marcha Mundial das Mulheres (MMM).
Políticas ameaçadas – Hoje, no Semiárido, um milhão de famílias têm cisterna ao lado de casa para beber e cerca de 120 mil famílias podem produzir alimentos com água armazenada em diversas tecnologias sociais. Uma política, porém, que está com os dias contados, uma vez que o contrato assinado entre a ASA e o extinto MDS previa a construção de 31.080 cisternas de placas para consumo humano, em nove meses. Porém, só foram repassados recursos suficientes para 54% da meta. Caso o restante do valor não seja repassado, 14.470 famílias deixarão de ser atendidas com cisternas de água para beber.
O Semiárido concentra mais de 1/3 dos estabelecimentos da agricultura familiar, responsável por 70% dos alimentos que chegam à mesa da população. Contudo, políticas voltadas para esse setor sofreram cortes e desmontes em poucos dias do governo interino de Michel Temer (PMDB). Outro retrocesso foi a extinção dos Ministérios de Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), responsáveis pelas políticas nas áreas de reforma agrária e segurança alimentar.
Para o coordenador da ASA Pernambuco, Alexandre Henrique Pires, a população do Semiárido brasileiro por séculos foi excluída dos processos de desenvolvimento da região e do país, sendo relegada a uma condição de subdesenvolvimento. “Negar o direito a água e ao que foi construído ao longo desses últimos 16 anos pela ASA como metodologia de trabalho que garante a participação como uma condição indispensável para gerar essas transformações, é antes de tudo querer confinar essa população ao suplicio e a condições subumanas, para as quais não existem mais espaço na sociedade contemporânea”, afirmou.