A representação do pássaro, como símbolo da libertação após a trajetória dentro do sindicato dos trabalhadores rurais. Imagens do umbuzeiro e do mandacaru, da corrente que lembra a luta pela sobrevivência do sertanejo, mas que também se liberta por meio da união. A roça, a enxada, a foice, as mãos dadas e a certeza de que a luta continua, apesar dos espinhos. E onde tem espinho tem também e felizmente flores. E as mulheres, como as flores, florescem com a luta. Esses foram alguns dos símbolos trazidos durante a Oficina de criação da Campanha de Valorização da Pessoa Idosa do Campo, realizada no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Petrolina, com representantes do Coletivo da Terceira Idade, da Academia Sindical e outras lideranças sindicais dos cinco polos do Sertão, durante todo a terça-feira (26).
A memória da luta sindical se entrelaçou com a vida dos participantes, contada nas diversas histórias, durante todo o dia. Ao final, das muitas certezas e descobertas socializadas, uma foi unânime no discurso e na ação desses sujeitos: “O que eles reafirmam é o desejo de continuar, a vitalidade para a luta, a crença na transformação porque já viveram isso em várias e distintas situações. Sendo trabalhadores do campo, ao cuidar da terra seca, plantar e colher o alimento. Ao enfrentar e derrubar a ditadura, essas pessoas nos ensinam que existem diferentes caminhos para se garantir a organização popular e através dela vivenciar a libertação, a felicidade e a vida com dignidade e orgulho”, afirma a artista plástica e educadora popular Karla de Souza.
O recado, deixado pelo agricultor e dirigente do STTR de Belém do São Francisco, José Francisco da Silva, 63, afirma as falas de todos os presentes. “Eu queria dizer que nós não vamos parar não, que a gente chegou aqui, estamos velhos, mas que nós vamos é mais longe.” A vitalidade dos participantes confirmou que ouvir e pensar a política para a pessoa idosa do campo a partir do diálogo com eles é a opção acertada pela Diretoria. “Com essa atividade, a gente não só aprende com quem tem, na sua história, a vida e a luta do sindicato. A gente se emociona e cria coragem para continuar nessa caminhada, sabendo que estamos no caminho certo. O caminho da solidariedade, do respeito e do olhar para o coletivo”, afirma o Diretor de Política para a Terceira Idade da Fetape, Israel Crispim.
A atividade faz parte das estratégias da Diretoria de Política para a Terceira Idade da Fetape para o fortalecimento da militância da pessoa idosa do campo. Além da artista plástica e educadora popular, Karla de Souza, a Oficina contou com a colaboração do assessor de Comunicação da Confederação e também educador popular da Escola Nacional de Formação da Contag (Enfoc), Barack Fernandes. Além do Sertão, a Zona da Mata e o Agreste participaram, em Carpina, da Oficina de criação da campanha. A partir dos símbolos e falas registrados será construída a Campanha de Valorização da Pessoa Idosa do Campo, que visa sensibilizar os sindicatos na perspectiva de se pensar políticas afirmativas, valorizar e reverenciar a história, a memória afetiva, os saberes e a ancestralidade das/os idosas/os do campo.
Durante a visita ao Sertão, a Diretoria aproveitou e realizou a formação com os pesquisadores que farão a Pesquisa sobre a Pessoa Idosa do Campo, numa ação conjunta com o STTR de Petrolina, ontem (27), na sede do Sindicato. Serão mais de 20 pessoas que irão à campo, fazendo trabalho de base, esclarecendo o papel do sindicato, as lutas e conquistas do movimento. Com os resultados, tanto o STTR quanto a Fetape poderão elaborar ações mais aequadas para a política para a pessoa idosa do campo, mantenedores, quase que na sua totalidade, da vida do movimento sindical rural.
Rosely Arantes - Assessora da Diretoria de Política para Terceira Idade