Notícias

Com base no tema "Por um envelhecimento digno e saudável", a atividade, encerrada nesta sexta-feira (20), teve início com uma mística que refletiu a identidade de cada participante, relembrando que os idosos e idosas de hoje iniciaram a vida política ainda na juventude, na década de 1960. E que ainda há muito com o que contribuir na caminhada do Movimento Sindical Rural. 
 

Em seguida, os/as participantes tiveram a oportunidade de se conhecerem por meio de um trabalho em grupo, no qual contaram suas histórias pessoais, revelando, dessa forma, a identidade dos/as presentes.  
 

O Encontro, que é realizado pela Diretoria de Política para a Terceira Idade da Federação, com a participação da Secretaria dos Trabalhadores/as da Terceira Idade da Contag e da Escola Nacional de Formação Sindical - Enfoc,  contou com apoio do Senar (Serviço Nacional de Atividade Rural), reunindo cerca de 80 idosos e idosas rurais do estado, além de 20 jovens do campo, visando garantir o diálogo entre as gerações.
 

“Todas as Fetags estiveram nessa trajetória de construção, e nós não podíamos ficar sem esse momento importante. Buscamos consolidar essa política com muita articulação e mobilização nas bases, tentando assegurar unidade nas proposições, respeitando a diversidade no campo, para que o documento final possa garantir mais dignidade para a pessoa idosa”, explica Israel Crispim, diretor de Política para a Terceira Idade da Fetape.
 

Na opinião da diretora de Política para a Juventude da Federação, Adriana Nascimento, a juventude sente a necessidade de estar nos mesmos espaços onde estão os idosos e as idosas rurais. Isso porque, os jovens estão dentro do Movimento Sindical Rural, querendo construir em conjunto. “É muito bom estarmos aqui, com essas pessoas que acreditaram que era possível uma vida melhor no campo, se organizando no Sindicato. A juventude, que está chegando hoje, vem dando continuidade a esse processo. Este encontro geracional, que congrega idosos e jovens, pretende construir uma política social e sindical que olhe para esse campo, exatamente por haver essa diversidade”, analisa Adriana.

 

Nacional - Logo quando assumiu a Secretaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Terceira Idade da Contag, Lúcia Moura percebeu que o Movimento Sindical Rural ainda não tinha uma política para a pessoa idosa. “Começamos a trabalhar sem saber o que é as pessoas nessa idade necessitavam.  Por isso, estamos fazendo esse diagnóstico, ouvindo os 27 estados, para termos um cenário nacional, respeitando as especificidades de cada região.  Cada estado recebeu um evento desse. Quisemos ouvir as necessidades deles como sujeitos de fato e de direito, de um ser humano que está na ativa, que ainda trabalha, que tem desejos e nós precisávamos ter um olhar clínico para esse público.  Do resultado dessa escuta, será construída a política nacional”, comenta a dirigente. 

 

Lúcia afirma que em todos os estados a participação dos idosos e das idosas foi surpreendente, não só em número, mas pela qualidade das intervenções. “Tem sido uma experiência muito rica, como diretora da Contag, testemunhar o observar as contribuições trazidas por eles. A recepção foi excelente. Não teve estado em que passássemos  que houvesse um número menor de participante do que o planejado. Sempre era maior. Encerramos um ciclo em que está clara a disposição dos idosos e idosas rurais em construirmos, juntos, essa política. Estamos saindo de Pernambuco muito felizes com esse projeto”, conclui a secretária.
 

Na próxima semana, haverá o Encontro do Coletivo Nacional da Terceira Idade da Contag, em Brasília/DF, nos dias 24 e 25 de novembro, onde vai ser finalizado o diagnóstico e também será planejada a 2ª Plenária Nacional da Pessoa Idosa, que acontecerá em junho de 2016, ocasião onde se pretende elaborar uma proposta de documento final da Política Nacional para a Terceira Idade do Movimento Sindical Rural, para ser analisado e aprovado durante a realização do 12º Congresso da Contag. 
 

Idosos na luta
 

O Encontro objetivou, ainda,  estimular a participação da pessoa idosa na vida política da Fetape e da sociedade, como é o caso da agricultora de 78 anos, Cecília Maria de Oliveira, que é moradora do Sítio Varjão, em Lagoa do Carro, Zona da Mata Norte,  que começou a trabalhar ainda  criança. “Eu me associei ao Sindicato muito cedo, desde então venho acompanhando as lutas do Movimento Sindical. Sempre quando precisarem de mim, estarei lá. Se for para fortalecer a luta, podem contar comigo”, afirma.
 

José Urbano da Silva, mais conhecido como Zito, está com 76 anos de idade e é morador do Sítio Diogo, no município de Casinhas, no Agreste Setentrional. Ele começou a trabalhar na roça com apenas seis anos. “Sempre que participo de encontros como esse, estou me politizando, me preparando para os desafios que o idoso e a idosa estão enfrentando hoje. A gente se atualiza e encontra informação para se defender. E com uma política nacional voltada especificamente para a gente, vai ser ainda melhor”, comemora.  
 

Dona Maria Alves de Queiroz, de 64 anos, lembra que começou a trabalhar na roça  com apenas sete anos. Moradora do Projeto Fulgêncio, em Santa Maria da Boa Vista, no Vale do São Francisco, ela vê esse momento como muito importante, pois participar do Encontro, e estar nessa construção da Política é uma questão de honra. “Eu ingressei no Movimento Sindical Rural em 1983,  e, de lá para cá, participei de momentos decisivos para a o homem e a mulher do campo. Eu sinto que o Movimento Sindical é uma escola, onde se aprende a viver e a ensinar aos que vêm em seguida”, filosofa.