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Fetape aprofunda debate sobre situação da pessoa idosa do campo

O assédio feito pelas financeiras que praticam empréstimos consignados, a falta de ações nas áreas de saúde e educação para as pessoas idosas do campo foram algumas questões levantadas pela Diretoria de Política para a Terceira Idade da Fetape, durante Audiência Pública sobre Políticas Públicas para a Pessoa Idosa, realizada na manhã de hoje (14), no auditório da Assembleia Legislativa (Alepe), no Recife. Dentre os encaminhamentos da reunião, existe a proposta de realizar um diálogo com a Amupe (Associação Municipalista de Pernambuco), juntamente com as Associações de Vereadores, para viabilizar as instalações dos Pevis (Protocolos para o Enfrentamento à Violência Contra a Pessoa Idosa), nos municípios. Uma ação da Promotoria de Justiça do Ministério Público.
 
O deputado estadual Edilson Silva, que coordenou a reunião, propôs que a Fetape realize outra audiência, dessa vez com foco na pessoa idosa como alvo do mercado. Representantes das secretarias estaduais de Justiça e Direitos Humanos, Saúde, Educação e de Desenvolvimento Social da Criança e da Juventude, presentes no evento, assumiram o compromisso de uma agenda de atividades com a Federação.
 
O diretor de Política para a Terceira Idade da Fetape, Israel Crispim, explica que, agora, o momento é para abertura do debate e busca de novas parcerias. “Ao longo desses anos, a discussão sobre os direitos da pessoa idosa do campo foi sempre muito interna, para dentro do Movimento Sindical Rural. Agora, estamos fazendo um caminho para abrir esse diálogo com o poder público e a sociedade civil organizada. Queremos que esse debate esteja sempre em evidência, para irmos construindo parcerias importantes em benefício dos idosos”, defende.
 
Solicitada pela Fetape, a audiência pública contou com delegações de idosos/as vindas dos Polos Sindicais do Vale do São Francisco e dos Agrestes Meridional e Setentrional. A ideia da Federação é realizar esse mesmo tipo de atividade nos municípios das três regiões do estado.

 
 
Assédio financeiro
 
De acordo com as projeções das Nações Unidas, entre 2000 e 2050, a população idosa brasileira ampliará a sua importância relativa, passando de 7,8% para 23,6. Será que as famílias e as instituições públicas e privadas e, sobretudo, as financeiras estão preparadas para lidar com as diversas demandas desse público? Os abusos praticados por parte de familiares e de alguns bancos têm mostrado que não. Nesse caso, os idosos tornam-se alvos fora e dentro da própria casa.
 
O agricultor aposentado José da Silva Neto, mais conhecido como José do Sindicato, tem 73 anos, é natural de Petrolina, e mora no Assentamento Senador Mansueto de Lavor, localizado no Polo Sindical do Vale do São Francisco. Para ele, a maioria das pessoas não conhece e nem respeita o Estatuto do Idoso. “A gente sabe que tem um Estatuto que diz que o idoso não pode ser agredido, mas basta a gente chegar  numa fila de banco, por exemplo, que as pessoas não nos respeitam, querem furar a fila. E tem até questões mais graves, a exemplo daquelas pessoas que ficam na porta dos estabelecimentos oferecendo facilidades para fazer empréstimo consignado”, reclama.
 
Já dona Severina Cecília de Lima Cabral, 72 anos, moradora do sítio Lagoa do Capim, em Surubim, localizado no Polo Sindical do Agreste Setentrional, percebe que a maioria dos idosos que está se aposentando  vive com suas famílias, principalmente com os netos, e estão ficando mais vulneráveis. “Muitos familiares vivem do dinheiro da aposentadoria ou pensão dos idosos. Tem idoso que chega a ter até quatro empréstimos, mesmo tendo pensão e aposentadoria. Muitas vezes, eles ficam sem dinheiro para comprar o próprio remédio”, lamenta.
 
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