Animação e espírito de luta marcam a chegada das Margaridas
O sol mal havia surgido quando algumas caravanas e delegações começaram a chegar ao estádio Mané Garrincha para a 5ª Marcha das Margaridas, que começa hoje (dia 11), em Brasília. Nem mesmo a gelada manhã da capital federal foi capaz de esfriar os ânimos e o pique das Margaridas que chegavam das cinco regiões do país - Norte, Sul, Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste. E foi nesse clima e de braços abertos que a CONTAG e as entidades parceiras receberam, durante toda a manhã, as caravanas. Até o momento já passa de 10 mil Margaridas presentes – entre homens e mulheres.
“É com muito sorriso no rosto e alegria que celebramos essa grande conquista que é a Marcha das Margaridas – evento liderado por mulheres e homens e coordenado exclusivamente por elas, as nossas Margaridas”, comemora o presidente da CONTAG, Alberto Broch. De acordo com ele, muitos foram os preparativos até a chegada deste dia. “Foram mais de dois anos de trabalho e atividades realizadas com muito esforço delas. Rifas, parcerias com lideranças municipais e estaduais, vendas de artesanatos,entre outros. Tudo para que este sonho se concretizasse com a vinda das 70 mil Margaridas para este grande evento”, salienta Broch.
Acreditar, confiar e sonhar. Esses têm sido os verbos mais conjugados entre as trabalhadoras rurais presentes. Para Maria Elxa, da Região Norte, as expectativas para esta 5ª Marcha são as melhores. “Viemos buscar nossos direitos e estamos confiantes que levaremos o sucesso conosco naquilo que viemos buscar”, disse referindo à pauta de reivindicações que engloba a reforma agrária, a soberania alimentar e a desconstrução de padrões patriarcais e sexistas.
Já a jovem da região Nordeste, Renata Jaciara Cordeiro Melo, veio em busca de mais independência para a juventude que, segundo ela, ainda está muito vinculada aos pais em virtude das dificuldades e burocracias em torno do acesso ao crédito fundiário. Elionir Dias de Souza, do Centro-Oeste, busca benefícios para toda a sua comunidade que, segundo ela, é muito sofrida e trabalhadora. “Queremos mais saúde, recursos para os assentamentos locais, regularização fundiária, além da titulação da terra”, afirma a agricultora familiar que cultiva mandioca e fruticultura, além de gado branco, em sua propriedade familiar.
Esta é a 2ª vez que Margarida das Graças da Silva, da Região Sudeste, participa da Marcha das Margaridas. “Fazer parte desse grupo reivindicatório pelos direitos das mulheres é uma honra para mim”, afirma dizendo ainda que, infelizmente, a discriminação persiste no meio rural. “Sofremos uma discriminação dupla: primeiro por sermos rurais; segundo por sermos mulheres”, desabafa a agricultora familiar que mora, junto ao esposo e à neta, na propriedade de cinco alqueires onde cultiva de tudo um pouco: mandioca, abobora, melancia, quiabo e tomate – entre outros.
A essência dessa 5ª edição da Marcha das Margaridas é despertar as mulheres e a sociedade contra as desigualdades sociais e todas as formas de violência. Além de formativo, a Marcha tem um caráter de denúncia, pressão e proposição ao pautar o governo, congresso e senado com as reivindicações das mulheres do campo.
FONTE: Assessoria de Comunicação Marcha das Margaridas - Renata Souza FOTOS: Renata Sousa