Agricultores/as familiares conquistam terras e recebem investimentos para infraestrutura e produção pelo PNCF
O sonho de ter a própria terra para morar, trabalhar e poder viver com dignidade se tornou realidade para 34 famílias coordenadas pela Diretoria de Política Agrária da Fetape e pelo Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais (STTR) de Taquaritinga do Norte, localizado no Polo Sindical do Agreste Central. Na tarde da ultima sexta-feira (26), homens e mulheres do campo puderam assinar os contratos de compra das terras dos Sítios Asa Branca, com 216 hectares, e São Judas Tadeu, com 160 ha. Agora, essas localidades passam a ser assentamentos, por meio do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), com o repasse dos recursos feito pelo Banco do Nordeste (BNB). A conquista foi celebrada durante uma cerimônia na Fazenda Grude, distante 17 km do centro do município.
Inicialmente, as famílias terão três anos de carência, período em que pagarão apenas os juros. Elas começam a pagar as prestações só a partir do quarto no. Além disso, receberão 1 milhão de reais, não reembolsáveis, para investimentos na propriedade. Esses recursos serão divididos em partes iguais, e servirão para o desenvolvimento de atividades produtivas dentro das parcelas, antes de chegar o Pronaf A. “Estamos felizes em viver mais essa conquista junto com os homens e mulheres do campo. Sabemos que a luta é grande e muito ainda temos que avançar, mas é importante reconhecer o valor desse momento para a reforma agrária”, comemora a diretora de Política Agrária da Fetape, Maria Givaneide Pereira dos Santos.
Já o diretor de Organização e Formação da Fetape, Adelson Freitas Araújo, avalia que, com essa aquisição, a qualidade de vida das famílias agricultoras irá melhorar. “Essa ação do Crédito Fundiário é a garantia da segurança alimentar, tanto para as famílias quanto para a sociedade local. Isso tem uma importância social muito grande”, destaca.
Além da presença das famílias agricultoras, participaram do ato festivo representantes das Diretorias de Política da Terceira Idade e Política para as Mulheres da Fetape, do STTR e da prefeitura de Taquaritinga do Norte, do BNB e o diretor do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Pernambuco (Iterpe), Paulo Lóssio, que garantiu, em sua fala, que mais 200 famílias serão beneficiadas pelo Programa, em todo o estado, ainda este ano.
Após conquistar o acesso a terra, além de investimento para a produção, os/as agricultores/as irão precisar de assistência técnica nas propriedades. Sobre isso, o secretário de agricultura do município, Júlio César da Silva Pontes, deixou claro que, a partir de agora, serão realizadas várias reuniões com os grupos familiares para que seja construído um plano de assistência técnica participativa, onde todos os passos sejam discutidos em conjunto. “Iremos fazer um diagnóstico da situação geral, das potencialidades nos assentamentos. Baseados nisso, realizaremos um trabalho que possa realmente melhorar as condições gerais, para fazer com que as famílias produzam, tenham resultados e melhorem de vida”, pontuou.
Para o Movimento Sindical Rural, a luta por políticas públicas que tragam dignidade ao homem e à mulher do campo é diária e depende de um compromisso coletivo. Durante a cerimônia, ficou claro que essa conquista, em especial, foi resultado de um trabalho feito em parceria entre a Fetape, o Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais e as Associações dos Agricultores das Unidades Produtivas Asa Branca e São Judas Tadeu, junto com o poder público, por meio da prefeitura municipal, do Iterpe e do BNB.
“Além de uma alegria muito grande, essa conquista é um crescimento para o Sindicato, pois sentimos que estamos cumprindo a nossa missão. Essa satisfação vem do fato de os agricultores estarem satisfeitos por terem conquistado sua terra para produzir. Isso só tende a fortalecer mais o Sindicato, porque os trabalhadores rurais passam a acreditar ainda mais em nós, pois veem o nosso empenho, o nosso compromisso”, comemora a presidente do STTR de Taquaritinga do Norte, Maria Joelma da Silva Vitorino.
Essa alegria também está presente na fala de quem vai usufruir dessa conquista para o resto da vida, como bem diz a agricultora familiar Adeilda Nascimento dos Santos, 28 anos, casada, mãe de dois filhos, e moradora do sítio Algodão. Antes, ela trabalhava nas terras de seu pai, com o marido. “Agora, vamos ter uma terrinha só da gente e vamos plantar o que a terra der para plantar, eu e meu marido”, comenta.
O agricultor Luciano Nonato da Silva, 25 anos, casado, com um filho, morador do Sítio Algodão, trabalhava até agora com estamparia, em Santa Cruz do Capibaribe. Hoje, ele também comemora e já consegue fazer planos. “Ainda bem que saíram essas terras para a gente trabalhar, para cultivar e para comercializar os nossos produtos. Pretendo ter criação de caprinos, ovinos e gado. Quero plantar palma e fazer um cercado bom. Eu quero que a gente consiga viver do nosso trabalho, sem depender de mais ninguém”.
Fernando Bernardino do Nascimento, 24 anos, solteiro, morador do assentamento São Judas Tadeu também está bastante disposto, e quer construir as cercas, antes de começar os projetos. Ele pretende conhecer a terra e identificar quais as culturas que poderão ser produzidas na área.