Oficinas de base apontam perspectivas de luta para o Movimento Sindical Rural em 2023
Segunda etapa, realizada entre 16 e 18 de novembro, reuniu cerca de 60 dirigentes dos 50 sindicatos dos polos da Mata Norte e Sul em Carpina. Deliberações serão levadas para o planejamento de ações da Fetape em 2023
A Fetape e a Contag promoveram de 16 a 18 de novembro, no Centro Social Euclides Nascimento, em Carpina, a 2ª etapa das Oficinas de Base com os polos sindicais da Mata Norte e Sul de Pernambuco. Participaram mais de 60 lideranças e dirigentes sindicais dos 50 sindicatos de trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares da região. O ciclo faz parte da continuidade à primeira edição, realizada ainda em 2019, anteriormente à pandemia.
Durante a manhã do primeiro dia, a presidenta da Fetape, Cícera Nunes, e o secretário de Política Agrária da Contag, Alair Santos, apresentaram o desempenho e os desafios enfrentados pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições do 2º turno. “Qual foi o cenário que enfrentamos? Auxílios para caminhoneiros e taxistas, ampliação de vale gás, cortes de impostos nos combustíveis e orçamento secreto. Todas essas estratégias foram usadas por Bolsonaro para tentar a reeleição”, destacou Cícera Nunes.
A tarde foi voltada para um balanço em grupos sobre as mudanças e os retrocessos políticos, econômicos e sociais na vida de agricultores e agricultoras nos últimos quatro anos do governo federal, passando pela pandemia de covid-19, assim também sobre a situação da organização e da sustentabilidade do movimento sindical rural nesse período.
Análise de contexto, Marcha das Margaridas 2023 e prioridades do MSTTR-PE
No segundo dia, pela manhã, foram apresentados dados socioeconômicos da população rural de Pernambuco, em especial dos municípios da zona da Mata do estado, levantados a partir de fontes oficiais, como o IBGE. A ideia foi repercutir as informações a partir das vivências dos e das dirigentes de sindicatos rurais, momento a partir do qual participantes puderam indicar caminhos e soluções para a mobilização de agricultores e agricultoras.
À tarde, a diretora de Políticas para as Mulheres, Adriana do Nascimento, dirigiu um espaço de animação para a construção da Marcha das Margaridas 2023. O momento foi seguido de apresentação dos resultados do mapeamento dos 50 sindicatos, para comparar avanços e retrocessos enfrentados desde 2019, ano da 1ª etapa das oficinas. Além disso, foram discutidos desafios prioritários para a nova gestão da Fetape (2022-2026), apresentados na sexta-feira, junto com a pactuação de compromissos para os próximos quatro anos.
“Vamos avaliar juntos o que pode ser feito, fazer um grande debate de ações e estratégias que vamos tomar diante disso”, colocou a presidenta da Fetape, Cícera Nunes. “Essas questões são importantes para refletir a articulação política dos sindicatos com a Fetape e a Contag para que tenhamos mais facilidade de negociação e que isso fortaleça a nossa existência e a sustentabilidade financeira do movimento”, provocou Nunes.
Pré-lançamento de documentário sobre violência no campo
O último dia foi de socialização e reafirmação de compromissos das ações que serão realizadas pelos sindicatos durante a próxima gestão. Foi a oportunidade também da Contag fazer o pré-lançamento do documentário “Terra Limpa” , que denuncia a violência dos conflitos agrários na zona da Mata pernambucana.
O nome Terra Limpa faz referência à prática utilizada por usineiros para recuperar terras endividadas por meio de leilão para “limpar” as dívidas e expulsar famílias que vivem há gerações no campo. “Fizemos uma caminhada visitando diversas comunidades ameaçadas e violentadas nas regiões da Mata Sul e Norte e os registros tiveram, entre os resultados, esse documentário, que lançaremos oficialmente em breve", explicou o secretário de Política Agrária da Contag, Alair Santos.
Em relação aos desafios apontados pelos sindicatos para fortalecer a agricultura familiar, eles apontaram a necessidade de ampliar os números de associados e associadas quites, garantia de assistência técnica na área rural e organização e comercialização da produção na região.
O diretor de Finanças e Administração, Paulo Roberto Santos, e a diretora de Política para o Meio Ambiente, Ivanice Lima, aproveitaram a oportunidade para anunciar mudanças no convênio com o INSS, a partir da luta da Contag e das federações. “Temos 60 anos de história e de luta e não vamos abrir mão de nossos direitos. Conseguimos convencer que era um erro a gente ter que provar que a cada três anos as pessoas precisam afirmar que querem continuar filiadas aos seus sindicatos”, explicou o diretor.
Participam da oficina outros integrantes da direção como o diretor de Política Agrícola, Antônio Neto, a diretora de Organização e Formação Sindical, Jenusi Marques, o diretor de Política para Terceira Idade Idosos e Idosas Rurais, Adimilson Nunis, além do representante do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), Felipe Falcão, o secretário da Contag Alair Santos, a representante do Conselho Fiscal, Rosenice Nalva, o presidente da Fetaepe, Gilvan Nunes, e o deputado estadual Doriel Barros.
Próximos passos
O atual ciclo de oficinas de base seguirá, na próxima semana, com os Polos Sindicais do Agreste Setentrional e Central, na cidade de Gravatá, entre os dias 29 e 30 de novembro a 1º de dezembro. A ideia é promover a discussão sobre os desafios, soluções e expectativas de dirigentes dos sindicatos rurais também dessa região para fortalecer os laços desde a Contag até a base do Movimento Sindical Rural nas suas proposições estratégicas para 2023.