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Golpe Militar X Golpe Parlamentar - 52 anos depois
O tempo passa, mas os golpistas se perpetuam em nome de uma sociedade que, com certeza, não é a sociedade que sonhamos e pela qual, historicamente, temos lutado. Ano de 1964 – o Brasil passava por período de mudanças importantes, sob a coordenação do governo constituído legalmente por João Goulart, que dava início a um processo de reformas, visando diminuir as desigualdades sociais. Naquele momento, forças conservadoras passaram a acusar o governo de subversivo, e iniciaram a articulação de um golpe, que derrubou o presidente, e deu início a um processo de perseguição, tortura e assassinatos de lideranças sindicais e políticas.
Passados 52 anos, estamos acompanhando mais um golpe, só que, desta vez, parlamentar. O resultado da eleição de 2014 já dava sinais de que iríamos viver um momento muito duro para a nossa democracia e para o projeto de sociedade que vinha sendo implementado pelo partido dos Trabalhadores (PT), há 12 anos. O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), na época, apresentou um mapa da eleição de deputados e senadores, que já mostrava que o Congresso eleito era o mais conservador dos últimos tempos. O que esperar, então, de um Congresso formado, na sua grande maioria, por representantes do capital, do agronegócio?
Com a reeleição, o PT e a presidenta Dilma passaram a ser alvos permanentes desses algozes. Como vivemos em uma democracia, e o Congresso tem um papel determinante na gestão pública realizada pelo Executivo, pois suas deliberações são necessárias para o bom andamento das políticas executadas pelo governo federal, os deputados além de não votarem as pautas apresentadas pelo Governo, passaram a deliberar sobre as chamadas pautas bombas, como forma de desestabilizar a gestão, promovendo desconfiança do mercado e dos investidores, o que gerou a queda da atividade produtiva.
Somou-se a isso o fato de a corrupção descoberta durante investigações da Policia Federal e do Ministério Público Federal na Petrobras e em outras empresas ser divulgada como de responsabilidade total do governo, sem que fosse exposto que tais operações só foram possíveis pela autonomia dada a esses órgãos desde o começo das gestões petistas.
Nos últimos meses, conservadores e a grande mídia, usando os mesmos recursos de 64, alimentaram a população, diariamente, de acusações contra a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A afirmação é de que eles participaram ativamente desse processo de corrupção, fato nunca comprovado. O que há é uma condenação antes mesmo que terminem as investigações, antes mesmo que haja o julgamento.
Seguindo um receituário cada vez mais crescente na América Latina, o Congresso Nacional promoveu o afastamento da presidenta, possibilitando um ambiente ainda mais propício para a consolidação do Golpe Parlamentar. Dessa forma, abrem-se as portas para o retorno da elite conservadora ao poder, ignorando o processo democrático que reelegeu, em 2014, a primeira mulher presidenta do Brasil e a continuidade de um projeto de transformação social, com mais de 54 milhões de votos.